Uma “dificuldade em vários aparelhos de rede” da Amazon Web Services (AWS) no centro de dados da Virgínia, nos EUA, levou a interrupções de horas na Neflix, Disney+, Robinhood e na própria loja online da Amazon. Um porta-voz da empresa revelou na quarta-feira que a situação ficou resolvida em algumas horas. No entanto, vários especialistas ouvidos pela Reuters consideram que esta situação demonstra bem o domínio da Amazon no segmento de serviços na nuvem e que é difícil para as empresas conseguirem ter soluções alternativas para evitar quebras de serviço.
Apesar de esforços da Microsoft, Google e Oracle em cativar clientes, a verdade é que a AWS detém 24,1% do mercado total. Naveen Chhabra, analista da Forrester, explica que é difícil para as empresas montarem um serviço online que possa rapidamente ser transferido de um fornecedor para outro, neste tipo de situações. A AWS basicamente é composta por várias centenas de diferentes serviços, desde aparelhos de computação pura e armazenamento, a sistemas sofisticados como bases de dados rápidas e treino de inteligência artificial. Cada cliente pode estar a usar dezenas destes serviços ao mesmo tempo, todos eles necessários para manter a operação funcional, o que dificulta a criação de estratégias alternativas.
Matthew Prince, da Cloudflare, salienta por seu lado a estratégia de preços da Amazon, onde o carregamento de dados é muito barato, mas as taxas para extrair esses mesmos dados para os transferir para outro serviço, são bastante elevadas. “Um serviço resiliente de cloud é aquele onde as taxas de transferência são eliminadas e o cliente pode ser multi-cloud. Julgo que isso aumentaria a fé que os clientes têm na cloud”, cita a Reuters.
Já do lado da Cisco, Angelique Medina, a responsável de mercado de produto, realça que a Amazon tem vários serviços alinhados e dependências críticas que fazem com que determinado serviço deixe de funcionar se outro também parar. “Com o tempo, diversificaram um pouco”, mas ainda há muitas dependências críticas na zona da Virgínia.