Os donos da fábrica de Greenridge, estado de Nova Iorque, conseguiram a aprovação para expandir o total de máquinas a minerar Bitcoin para um total de 17700, com uma votação clara de quatro para um junto das autoridades de Torrey, em Nova Iorque. O plano passa pela integração de mais dez mil máquinas que vão recorrer a eletricidade produzida com recurso a gás natural, o que é muito contestado por ativistas e especialistas ambientais que denunciam o aumento das emissões poluentes para a atmosfera, a contaminação das águas do Lago Seneca e os danos nas vinhas locais. Adicionalmente, a expansão pode mesmo comprometer os objetivos climáticos globais daquele estado norte-americano, à semelhança do que se passa na China.
O aumento do valor das Bitcoins no último ano (valem cerca de 55 mil dólares atualmente, dez vezes mais do que há um ano) reacendeu a discussão entre o real benefício deste tipo de moeda face ao custo ambiental associado à mineração. Para se conseguir uma moeda, o processo de mineração implica ter recursos informáticos a resolver puzzles matemáticos complexos, poder de processamento e consequente consumo de energia. No entanto, nos EUA, têm sidos frequentes os casos de instalações que são reaproveitadas para passar a minerar criptomoeda e, o que tem permitido salvar empregos e gerar receitas locais.
Alex de Vries, fundador da Digiconomist, uma página que monitoriza o impacto ambiental da mineração de cibermoeda, denuncia que “as instalações obsoletas que usam combustíveis fósseis têm sido uma presa fácil para os mineradores de Bitcoin que as veem como forma de obter energia barata e constante”, cita o Vice.
No caso de Greenridge, a fábrica foi construída em 1937 em Dresden e tornou-se obsoleta há alguns anos. Em 2017, alguns investidores juntaram-se para mudar a fonte de energia de carvão para gás natural e, dois anos volvidos, passaram a usar este tipo de energia para gerar eletricidade que foi canalizada para computadores a minerar Bitcoin. A instalação continua a fornecer eletricidade para a grelha pública de Nova Iorque, mas reserva 13% da capacidade, cerca de 19 megawatts, para manter os mineradores de Bitcoin. No ano que terminou a 28 de fevereiro, a empresa tinha conseguido um total de 1186 Bitcoin que custaram 2869 dólares cada uma. A estimativa da empresa é conseguir 52 milhões de dólares em receitas desta forma. A nova aprovação visa a construção de quatro edifícios para instalar os mineradores e duplicar a capacidade para 41 megawatts até 30 de junho, quadruplicar a capacidade até ao fim de 2022 e chegar aos 500 megawatts até 2025.
Os ambientalistas denunciam que este plano põe em causa os objetivos climáticos do estado de Nova Iorque e que as emissões de CO2 desta instalação irão aumentar das 28 toneladas atuais para as 234 toneladas. Caso todos os recursos da instalação sejam usados para mineração, as emissões subirão para mais de um milhão de toneladas de CO2 por ano.
Um porta-voz da Greenridge desmente estas alegações, dizendo que “não há forma de esta instalação passar a emitir mais de um milhão de toneladas de CO2 por ano” e salienta que irão ser cumpridas todas as permissões ambientais definidas, realçando ainda a criação de emprego e pagamento de impostos locais, bem como o impacto desta expansão na economia local .
O estado de Nova Iorque, através do Departamento de Conservação Ambiental, já fez saber que irá monitorizar de perto este processo, com particular enfoque para o potencial impacto nas alterações climáticas.