A Alphabet encerrou o Projeto Loon e, em 2018, a Facebook tinha terminado o Aquilla. Ambas as iniciativas previam o recurso a balões colocados no ar e que forneceriam o acesso à Internet em localizações mais remotas. Agora, a indústria parece estar a virar-se em definitivo para os satélites, com muitos operadores a aparecer e a estar em diferentes fases de desenvolvimento.
As constelações destes satélites têm o potencial de trazer a Internet a locais rurais e pontos onde não existe cobertura terrestre. A Starlink, da SpaceX, pretende colocar 42 mil satélites em órbita para este efeito e já está a fornecer Internet em alguns locais do Reino Unido e dos EUA. A OneWeb, salva da falência pelo governo britânico e pelo grupo indiano Bharti Global, retomou os lançamentos de satélites há pouco tempo. Também a Amazon, com o Project Kuiper, planeia lançar três mil satélites próprios com este fim. Na China, o governo de Pequim anunciou medidas para suportar este setor de mercado.
Estas redes de satélites vão fornecer acesso direto aos clientes em alguns casos e servir de pontos de ligação aos operadores de redes móveis noutros.
A BBC ouviu especialistas como a Dra. Alice Gorman, que alertam para o impacto desta estratégia no céu noturno. A especialista refere que “estas mega-constelações estão a ser vendidas como a ideia de que os satélites de banda larga são um bem universal. É importante lembrar que a motivação para estas constelações não é filantropia, é lucro. Os satélites não são a solução para tudo. A falta de acesso à Internet em alguns locais deve-se à ausência de investimento na infraestrutura terrestre”.
O analista Kester Mann, da CCS Insight, explica o grande desafio deste segmento vai ser a rentabilidade: “o espaço é um grande e arriscado investimento. Podem passar-se anos antes que os preços dos equipamentos baixem o suficiente para se tornar apelativos para as massas”. A SpaceX, por exemplo, cobra uma taxa de 499 dólares única para os equipamentos e uma mensalidade de 99 dólares pelo acesso à Internet através da Starlink e deixa o aviso de que o serviço pode não funcionar sempre, pelo menos de início.