O programa foi criado por Huang Zhisheng, um especialista em Inteligência Artificial, a partir de Amesterdão. «Todas as semanas salvamos dez pessoas (…) se hesitarmos por um segundo, uma ou mais vidas serão perdidas», descreve o criador.
A primeira operação de salvamento aconteceu em abril de 2018, com a análise de uma mensagem escrita no Weibo, onde uma mulher declarou a intenção de se matar dentro de dois dias. O algoritmo identificou o risco real, enviou o alerta para Peng Ling, voluntária da Academia de Ciências da China, que atuou rapidamente. Ling encontrou o telemóvel da estudante que tinha escrito a ameaça, contactou-a por SMS, tornou-se amiga através do WeChat e gradualmente conseguiu baixar o risco. É este tipo de acompanhamento que os voluntários vão fazendo, para ajudar a acalmar as potenciais vítimas.
O programa, baseado em Java, analisa os potenciais focos no Wiebo e analisa as mesnagens escritas nos “tree holes”, locais onde os utilizadores escrevem os seus segredos para outros os lerem. O nome vem de um conto irlandês, onde um homem confiava os seus segredos a uma árvore. O sistema de IA pontua as publicações de 1 a 10, com as mensagens mais prováveis a estarem mais elevadas no ranking. No caso de publicações com pontuação de 10, é provável que uma tentativa de suicídio já esteja a decorrer, pelo que são alertadas diretamente as autoridades e contactados os amigos ou familiares. Abaixo do seis, os voluntários também não intervêm, explica a BBC, por se considerar que se trata de baixo risco de que se passe das palavras à ação.
O programa já evitou mais de 700 tentativas de suicídio, mas está limitado à atuação dos web crawlers no Weibo, que conseguem analisar apenas três mil entradas por dia. Outra limitação prende-se com a necessidade de compromisso a longo prazo que estes voluntários têm de ter, para acompanhar as vítimas durante um extenso período de tempo para se assegurar que o risco de suicídio desapareceu realmente.