Não é inédito e já houve relatos de mais casos de os regimes do Médio Oriente tentarem condicionar e influenciar a opinião pública através de campanhas orquestradas no Facebook, Twitter ou no YouTube. Agora, o Facebook anunciou ter desmantelado uma rede de 350 contas e páginas, com mais de 1,4 milhões de seguidores, que espalhavam notícias falsas e adulteradas, com vista a desinformação sobre o rival Qatar e sobre o assassinato do jornalista dissidente Jamal Khashoggi.
Esta é uma das raras vezes em que o Facebook estabelece uma ligação entre esta rede e um regime, desta feita o regime saudita, acusando o governo de estar por trás da campanha.
«Nesta operação, os nossos investigadores puderam confirmar que os indivíduos por trás disto estão associados ao governo da Arábia Saudita», disse Nathaniel Gleicher, responsável de cibersegurança do Facebook. A operação usava contas no Facebook e no Instagram, fazendo-se passar por cidadãos de vários países do Médio Oriente e Norte de África, com conteúdos escritos maioritariamente em árabe onde se elogiava o regime saudita e o príncipe Mohammed bin Salman, os sucessos das forças armadas contra o Iémen e o êxito das reformas internas.
Algumas das contas usadas foram criadas em 2014, mas a maior parte surgiu nos últimos dois anos, com muitas delas a serem páginas de fãs para o governo saudita ou para o exército.
Noutra iniciativa separada, o Facebook anunciou ter suspendido uma rede de mais de 350 contas ligadas a agências de marketing do Egito e Emiratos Árabes Unidos, embora nessa operação não tenham sido detetadas ou anunciadas associações a governos.
O Facebook já anunciou o desmantelamento de 14 operações deste género, provindas de 17 países.