João Vasconcelos, o primeiro diretor da incubadora Startup Lisboa e ex-secretário de estado da Indústria, morreu esta segunda-feira de ataque cardíaco, noticiou hoje o Eco.
Filho e neto de empresários, Vasconcelos cedo deu seguimento à veia empreendedora: aos 18 anos estreou-se na gestão do parque aquático Mariparque, em Vieira de Leiria. Mais tarde, deu os primeiros passos no empreendedorismo ao promover a criação da incubadora Open, que tinha a área de intervenção centrada nos plásticos e nos moldes. Corria o ano 2000 – e numa pequena entrevista de biografia profissional dada à Exame Informática/Expresso, o ex-governante recordava que a incubadora criada na Marinha Grande foi provavelmente a primeira a operar no segmento industrial.
Depois da criação da incubadora na Marinha Grande, Vasconcelos passou pelas empresas Zook, Ecochoice, deixando o curso de Relações Internacionais para um plano secundário.
Ainda na primeira década do século 21, Vasconcelos começa a trabalhar com António Costa, quando o atual primeiro-ministro era ainda presidente da Câmara de Lisboa. É esta entrada na política camarária que haveria de influenciar de forma determinante a cena empreendedora de Lisboa.
Em 2012, João Vasconcelos garante o apoio do Município alfacinha, do Banco Montepio e do IAPMEI para a criação da incubadora Startup Lisboa. O projeto tinha várias inovações: resultou do orçamento participativo de Lisboa (2009-2012), tirou partido de uma infraestrutura que, apesar de pertencer a um banco, estava devoluta e desvalorizada, e cumpriu a função de dar nova vida à baixa lisboeta.
Não terá sido o único fator de revitalização da baixa pombalina – mas a Startup Lisboa não tardou a fazer-se notar, através da captação de jovens empreendedores nacionais e estrangeiros para as imediações da Rua da Prata. Pouco depois a Startup Lisboa viria a expandir-se com outro polo dedicado ao turismo e à hotelaria.
Depois do sucesso alcançado com a Startup Lisboa, Vasconcelos, apontado por nos bastidores como o braço direito de António Costa nas relações com o tecido empresarial, foi chamado a liderar a secretaria de estado da Indústria, do atual governo.
A passagem pela secretaria de estado haveria de cessar em 2017, na sequência do “caso” dos convites a secretários de estado para assistir a jogos da Seleção Nacional durante o Campeonato Europeu de França. O processo-crime haveria de ser arquivado, depois de o Ministério Público ter proposto o pagamento de multas.