António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, voltou a marcar presença na abertura da Web Summit – e desta vez, o regresso a Lisboa teve como ponto-forte um recado para as potências que não enjeitam usar máquinas em cenários de guerra.
O secretário-geral da ONU lembrou que as tecnologias têm baixado de preço e, com isso, facilitam a missão de quem trabalha na área da educação, na saúde ou na defesa do clima… mas também podem pôr em risco muitas vidas.
Guterres enumerou três desafios levantados pelas tecnologias na atualidade. O primeiro deles está diretamente relacionado com a proliferação de tecnologias e aplicações que têm vindo a tirar empregos aos humanos: «Muitos trabalhos serão criados e muitos serão destruídos; é difícil saber qual será o maior destes dois números».
O segundo desafio apresentado por Guterres prende-se com a preservação da própria Internet – nomeadamente no que toca à defesa da liberdade de expressão, e à erradicação do discurso de ódio ou da censura. «Não foi a Internet que criou a sociedade polarizada, mas foi a Internet que ampliou esta polarização».
O último desafio foi apontado às potências militares que não enjeitam usar máquinas que matam. António Guterres admitiu implicitamente que as tecnologias poderiam ajudar a selecionar alvos e minimizar perdas humanas e materiais, mas essa potencial virtude não chega para esconder outra ameaça «condenável», que também pode ser encarada uma “indireta” para os EUA e outras potências que hoje usam drones para diferentes missões de guerra. Guterres recordou a morosidade das leis e a pouca eficácia perante esta ameaça, mas reiterou para uma plateia entusiasta: As máquinas que tiram vidas são «moralmente repugnantes e deviam ser banidas».