Terá o grupo da Mercedes feito batota no software que controla as emissões de gases poluentes dos automóveis? A questão já começou a ser analisada pelas autoridades dos EUA, que pretendem saber se os veículos movidos a gasóleo do grupo Daimler também estarão a usar software alterado para aparentar que os níveis máximos de emissões de gases poluentes estão a ser respeitados.
A notícia avançada pelo jornal alemão Bild am Sonntag tem por base documentos que revelam que o software de controlo de emissões do grupo Daimler estará preparado para desligar automaticamente o controlo de emissões de gases depois de percorrer 26 quilómetros.
A esta funcionalidade junta-se uma outra igualmente suspeita e que alegadamente permite ao sistema interno do automóvel reconhecer se se encontra em testes de laboratórios através dos padrões de aceleração. Os investigadores que estão a analisar as práticas da Daimler admitem que esta capacidade de reconhecimento terá sido criada com o propósito de enganar os peritos que têm por responsabilidade analisar, em laboratório, se os veículos cumprem ou não os limites máximos das emissões de gases poluentes.
Alegadamente, ao detetar que se encontrava em testes de laboratório, o software mantinha as emissões sob controlo para dar a ideia de que essa funcionalidade estaria permanentemente ativada.
O caso não é totalmente novo: desde abril de 2016 que se fala da possibilidade de as autoridades dos EUA iniciarem uma investigação aos sistemas de controlo de emissões poluentes na Daimler. Em julho de 2017, a companhia fez o “recall” de três milhões de carros que circulavam na Europa para, voluntariamente, proceder à atualização de software.
À Reuters, o grupo Daimler prefere não se alongar muito nos comentários, reiterando mesmo que «os documentos obtidos pelo Bild foram obviamente selecionados para serem divulgados de forma a prejudicar a Daimler e os seus 290 mil profissionais».
Apesar das suspeitas e do abalo na imagem da marca, é de crer que o impacto financeiro da eventual batota da Daimler seja menor que os muitos milhões de dólares que o grupo da Volkswagen (que inlcui as marcas Audi e Porsche) teve de gastar para comprar os carros com emissões forjadas que se encontravam em circulação nos EUA. E há apenas uma razão quantitativa para que esse impacto seja mais reduzido: é que o grupo Daimler vendeu muito menos carros a diesel nos EUA que o grupo Volkswagen.