E eis que a realidade voltou ao normal. Ou melhor, à vidinha de sempre, sem Web Summit na TV e sem miúdos estrangeiros que tentam mascarar a idade da borbulha e o ar geek a beberem copos nos bares de Lisboa. Mesmo sem beber uma única pinga de álcool, os próximos dias são de ressaca. O que fica depois do Web Summit? Para os participantes, a resposta começa a ser dada nos próximos dias por e-mail ou telefone, no caso de surgir uma nova oportunidade de negócio. Para os lisboetas, para o governo português e para os mentores desta conferência, é tempo de fazer de contas e saber o que pode ser feito para que aquela que será uma das maiores feiras especializadas em inovação do mundo não perca o embalo dado pela startupmania.
Na edição semanal da Exame Informática que acaba de chegar à Net, não temos a receita mágica para criar uma feira de sucesso, mas temos um apanhado de atrativos que mereceram a ida à feira. É uma edição especial, toda ela websummitiana, em nome da regra elementar do jornalismo que leva a privilegiar o que se passa no mercado de origem. Neste caso, há mais dois princípios subjacentes: conhecer as mais recentes tendências tecnológicas e deslindar as armadilhas filosóficas e sociais que a digitalização em curso vai acabar por trazer à humanidade.
Dito assim, parece simples, não é? Não, não é. Como também não é tem sido simples o braço de ferro entre gigantes tecnológicos e a comissária Europeia da Concorrência Magrethe Vestager; ou até a descolagem dos primeiros negócios que têm por base o transporte de pessoas com drones.
Mas nem só de drones se fazem os transportes do futuro: os sistemas quânticos que preveem engarrafamentos e os problemas causados pelos carros semi-autónomos também tiveram direito a um vislumbre na Web Summit.
Num futuro menos longínquo, encontra-se a Lifeina, que ascendeu ao título de ilustre desconhecida ao ganhar o concurso de startups da Web Summit com o desenvolvimento de um minifrigorífico para o transporte de medicamentos.
Em contrapartida, nos robôs já não se pergunta «se», mas «quando». Sophia é uma das caras de um futuro que já não será assim tão remoto quanto isso. É altamente improvável que alguém mentalmente saudável alguma vez pense enamorar-se de Sophia – mas o tema é incontornável: o sexo entre robôs deve ser proibido? E se for proibido, trata-se de salvaguardar os direitos dos robôs ou das vítimas de uma sociedade machista?
Massimo Banzi tem outro tipo de preocupações: de regresso à direção da Arduino, o investigador e empresário italiano está apostado em levar para as nuvens uma das plataformas de prototipagem mais bem-sucedidas de todos os tempos.
No reino das previsões, há quem admita que o fim dos empregos para os humanos foi manifestamente exagerado; e há também quem garanta que vêm aí os tarifários fixos para a eletricidade e que o sexo virtual pode estar em vias de se banalizar.
Fora da Web Summit, apenas um agradecimento e uma autopromoção descarada: o programa da Exame Informática TV foi o mais visto entre as magazines que passaram na SIC Notícias durante outubro. Tentamos fazer o melhor que sabemos – e o que sabemos é que sem a sua preferência, caro leitor, nunca conseguiremos fazer melhor.
Bom fim de semana e boas leituras!