
Cada bitcoin já vale mais 1000 dólares
A primeira regra dos grandes segredos é: as grandes revelações podem ser tão imprevistas que mais parecem patranhas – e por vezes são mesmo patranhas. Na redação da Wired, uma revista habituada a desvendar alguns dos maiores segredos, esta regra continua a referência, mesmo quando chega a hora de publicar um artigo que dá a conhecer o alegado criador das bitcoins, que toda a gente conhece pelo pseudónimo Satoshi Sakamoto, mas afinal poderá ser Craig Steven Wright, um australiano de 44 anos com queda para a criptografia e as moedas alternativas.
Os autores do artigo da Wired não afastam a possibilidade de se tratar apenas mais um desses mitos em torno da verdadeira identidade de Satoshi Nakamoto. Já no passado recente, a Newsweek foi parar ao banco dos réus por ter alegado que o criador das Bitcoins era um cidadão de origem japonesa, que vivia nos arredores de Los Angeles.
Craig Steven Wright, o mais recente “suspeito” no que toca à autoria da criação das Bitcoins, apenas reagiu pelo silêncio: não responde às solicitações dos meios de comunicação e eliminou contas das redes sociais. Seria a reação lógica que toda a gente teria, independentemente de ser ou não criador da Bitcoins. Afinal, quem está preparado para ser assaltado mediaticamente? E quantas mais questões legais, profissionais ou apenas fiscais não poderão ser levantadas quando se descobre o homem que, eventualmente, terá o poder para alterar o sistema monetário alternativo mais famoso do planeta?
Só Wright poderá realmente responder a estas questões. No artigo da Wired, consegue-se apenas saber que o alegado criador das Bitcoins trabalha numa empresa que tem as criptomoedas como raio de ação e que é conhecida por DeMorgan. A este dado juntam-se documentos e fugas de informação que terão permitido chegar ao especialista australiano. Nalguns posts de blogue, Wright fornece alguns ensinamentos sobre criptomoedas e dá conta do lançamento da primeiras bitcoins. Há ainda o uso de uma chave criptográfica que terá sido inicialmente associada a Satoshi Nakamoto e… o mais importante de tudo: Wright terá em sua posse grandes montantes de Bitcoins, que terão sido usados para constituir um banco.
Por mais de uma ocasião, os redatores da Wired recordam a principal regra dos segredos (às grandes revelações podem estar associadas grandes mentiras). E chegam mesmo a admitir que os documentos possam ser, de alguma forma, forjados. O que não os impede de lembrar que uma alegada tentativa de Wright a fingir que é Nakamoto poderia ser tão complexa quanto a própria criação das Bitcoins.
Sejam ou não forjadas, as cópias da correspondência trocada com advogados parecem revelar confirmar que Wright aparente ser um homem à frente do seu tempo: «Fiz o meu melhor para tentar esconder o facto de que tenho vindo a gerir as Bitcoins desde 2009. No final disto tudo, penso que metade do mundo vai acabar por ficar a saber».