![sumthink.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/12/5786455sumthink.jpg)
A Sumthink pretende desenvolver um equipamento que pode prever a ocorrência de enfartes agudos do miocárdio durante a hora seguinte. A solução tem por base a deteção da proteína troponina, a partir de amostras de sangue. Além de mais rápida que os dispositivos que já existem no mercado, a solução desenvolvida por investigadores da Universidade de Aveiro promete diminuir a taxa de falsos positivos que hoje chega a 80%. O dispositivo deverá ser vendido a hospitais e médicos, com preços de 10 mil euros.
![bOptimum3.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/12/5786456bOptimum3.jpg)
A bOptimum tem por objetivo desenvolver uma solução que permite estimar o consumo de água de uma cidade ao longo de um período de tempo. Com estas estimativas, a empresa pretende ajudar criar uma ferramenta que ajuda as distribuidoras de água a poupar dinheiro com a bombagem de água para os diferentes reservatórios de uma cidade. O segmento está avaliado em 660 milhões de euros. Em 2023, a bOptimum conta estar a faturar sete milhões de euros.
![nanoplex.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/12/5786457nanoplex.jpg)
A NanoPlex pretende desenvolver um fármaco para o tratamento do cancro do pulmão de pequenas células. O fármaco que deve ser inalado pretende curar um tipo de cancro que mata mais de 240 mil pessoas por ano. Os investigadores da Universidade de Lisboa garantem o novo fármaco está desenhado para eliminar apenas as células cancerígenas através de uma combinação de droga, anticorpos e terapia genética. Atualmente o projeto está na fase de testes em animais. Não haverá estreia comercial nos próximos cinco anos.
![daila.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/12/5786458daila.jpg)
A Daila pretende desenvolver um dispositivo que permite fazer, em três dias, o diagnóstico do HIV a partir de um gota de sangue. O dispositivo, que deverá ser portátil, opera com base em nanowires (muito mais finos que um cabelo humano), que têm por base sondas de DNA que se colam ao vírus. O dispositivo deverá ter um preço de 110 euros. Se angariar investimento, a startup deverá chegar ao mercado em 2019.
João Nunes, líder da Daila, não tem medo da ambição: «por ano, são feitos 200 milhões de testes de diagnóstico do HIV. Nós queremos que, no futuro, esses 200 milhões de testes passem a usar o Nano-V». Como muitos dos 15 projetos que desfilaram ontem no encerramento do programa de empreendedorismo Cohitec, em Lisboa, a Daila ainda não tem um negócio. João Nunes não tira o pé do acelerador do otimismo: «queremos criar uma empresa até ao final do ano». O roteiro da Daila também prevê a estreia comercial para 2019, mas esse objetivo só será alcançado se a startup garantir cinco milhões de investimento. Sem esse dinheiro, a Daila não poderá desenvolver um dispositivo que faz o diagnóstico do vírus da Sida em três dias – um período bastante inferior ao período mínimo de um mês exigido pelos testes de diagnóstico atuais.
O programa Cohitec de 2015 pode não salvar o mundo – mas tem seguramente algumas das ideias mais ousadas que alguma vez saíram dos laboratórios e universidades portuguesas nas denominadas ciências da vida. No auditório do Pavilhão do Conhecimento, desfilaram com a diferença de minutos um projeto que promete uma profilaxia que reduz os efeitos da malária em mais de 90% (Anti-Malarials), uma solução que pretende detetar a probabilidade de ocorrência de enfartes cardíacos em menos de uma hora (Sumthink), uma possível cura para um dos tipos de cancro do pulmão (Nanoplex); uma solução de dosagem mais adequada para anestesias (MedInfusion), e ainda um equipamento que poderá ser usado para detetar diferentes micro-organismos que estão na origem de infeções, e que deverá começar por incidir no diagnóstico da pneumonia (MDID) .
Mas nem só de ciências da vida vive o Cohitec. Eis outras ideias que facilmente se colam ao imaginário de qualquer futurista: a startup Ocean Swarm deu a conhecer esquadrilhas de pequenas embarcações robóticas que localizam cardumes prontos a pescar; a bOptimum prevê criar um sistema que estima consumos de água de uma cidade e reduz os consumos de energia derivados da bombagem para os diferentes reservatórios; e a CoolMeat desenvolveu uma enzima que torna a carne mais tenra.
O entusiasmo de quem conclui o prestigiado curso de empreendedorismo é notório – e já faz parte da coreografia de quem tem de “vender a ideia” a investidores, jornalistas, especialistas ou outros curiosos que geralmente acompanham o lançamento de novos projetos desenvolvidos no programa Cohitec.
Pedro Vilarinho, coordenador do programa Cohitec, lembra que, entre uma boa ideia e um grande negócio, ainda vai um percurso longo: «Estes 15 projetos terão de ser analisados a fundo, para se poder saber qual o verdadeiro potencial que têm. No passado, houve projetos que achávamos que tinham potencial e acabaram por se revelar desilusões, e também outros em que não acreditávamos tanto e que se revelaram verdadeiras surpresas».
Nem todos os 15 projetos da mais recente “fornada” do programa Cohitec vão seguir em frente – e, mesmo entre os que são selecionados para etapas posteriores, há equipas que «desmotivam e regressam à universidade ou que se descobre que não estavam à altura das exigências», recorda Pedro Vilarinho.
Para quem quer seguir em frente, há um objetivo em comum: chegar ao mercado internacional e disputar segmentos que podem vir a valer centenas ou milhares de milhões de euros. Entre os casos de sucesso, destaca-se o grupo de seis empresas que se iniciaram no Cohitec e que já concluíram toda a fase de crescimento estando agora a chegar ao mercado, com produtos ou provas de conceito (ACS – Advanced Cyclone Systems, 5ensesinFood, Omniflow, Consumo em Verde – Biotecnologia das Plantas; Abyssal; e BioMode). No total valem mais de 40 milhões de euros e contam com 20 patentes registadas. Duas delas faturaram um total de seis milhões de euros.
Daniel Bessa, diretor-geral da associação Cotec, fechou a sessão de encerramento do Cohitec com uma certeza e um desafio: «É claro que temos boa ciência em Portugal e o nosso trabalho é transformá-la em negócios, empresas e empregos».
O programa Cohitec arrancou em 2004, com o objetivo de promover a conversão de cientistas em empresários. Em 12 edições, passaram pelo programa Cohitec 151 projetos de negócio de base de tecnológica, que deram origem a 26 startups, que atraíram 35 milhões de euros de investimento.