É um clássico de qualquer evento ou conferência: o anfitrião entrega uma pasta com documentos, agendas, lembranças e até pens USB que ajudam a trabalhar toda a informação no computador. No caso da reunião do G20, que teve lugar em São Petersburgo, o anfitrião russo juntou ainda mais um brinde para distribuir pelos delegados: três carregadores de telemóveis.
Poderia ser apenas uma típica pasta de trabalho de mais uma grande cimeira, mas o Corriere Della Sera garante que uma parte importante dos brindes disponibilizados pelo governo russo só viria a ser conhecida depois do evento terminar: as pens USB e os três carregadores de telemóveis estavam “artilhados” com códigos maliciosos, que aparentemente, teriam por principal objetivo infetar os computadores dos representantes das 19 maiores economias do mundo e da UE.
Desconhece-se, para já, se o ataque lançado de forma tão hospitaleira alcançou os seus objetivos.
Segundo rezam as crónicas, Herman Van Rompuy, presidente Conselho Europeu, terá mesmo ordenado uma investigação às pens USB e aos tais carregadores que tinham como principal atrativo a sofisticação dos códigos maliciosos que disseminavam.
A acreditar no que diz alguma imprensa europeia (na UE, a versão oficial é que não foi encontrado nenhum problema nos computadores), terão sido os serviços secretos alemães, que depois da Guerra Fria ganharam recuperaram o traquejo na luta contra a espionagem de aliados como os EUA, que ficaram encarregues que investigar os dispositivos suspeitos .
Em Moscovo, os ecos deste novo caso já deram o mote para uma reação pública. O nome de Edward Snowden, ex-operacional da CIA que se encontra exilado na Rússia depois de dar a conhecer os programas de espionagem dos EUA, não foi mencionado, mas essa omissão poderá dever-se apenas à ponderação típica do circuito diplomático, como se pode confirmar pelas palavras do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov: «Isto não é mais do que uma tentativa de desviar a atenção de problemas que são reais e existem, e que têm dominado a agenda das relações entre as capitais da Europa e Washington (EUA) para questões que são efémeros e não existem».