No salão nobre do Palácio das Galveias, em Lisboa, 13 jovens empresas nadas e criadas na Start Up Lisboa subiram ontem ao palco para desfilar ideias de negócio, em três minutos. Pela frente tinham mais de 40 investidores e business angels – 26 deles estrangeiros. «Na StartUp Lisboa só aceitamos empresas internacionalizáveis», explica João Vasconcelos, mentor do concurso organizado pela nova incubadora de empresas tecnológicas da capital.
Peter Weck, fundador da empresa Keepsy e investidor de Silicon Valley, Califórnia, foi um dos ouvintes atentos à apresentação dos vários negócios. Atravessou o Atlântico para dar uma palestra no evento Silicon Valley Comes To Lisbon, na Culturgest, mas não quis perder a oportunidade de ver se descobria um bom negócio 100 metros mais abaixo, no histórico Palácio das Galveias. E pelo que disse ao final não deu o tempo por perdido: «São ideias ao nível do que se vê em Silicon Valley».
O faro que Weck tem para o negócio confirmou-se aquando da votação dos investidores e jornalistas. O norte-americano considerou Muzzley e Qamine os projetos mais interessantes. Poucos minutos depois, a organização da StartUp Lisboa Undressed referia que a empresa Muzzley, que promete transformar telemóveis em joysticks, tinha ganho o desfile de ideias de negócio, ao arrecadar o maior número de votos. Como prémio, a jovem empresa garante reuniões com potenciais investidores. Sobre a Qamine, uma empresa que promete caçar bugs em linhas de código, aplicações ou serviços, não houve qualquer menção. Mas nestes eventos ninguém sai derrotado: «Não é só quem ganha que pode ser contactado pelos potenciais investidores. Há também investidores que trabalham só determinadas áreas e que podem não estar interessados nos projetos que ganham», comenta João Vasconcelos.
Henrique Gomes, representante da americana Voivoda Ventures, é um dos tais investidores com uma área preferencial delimitada. Tem por missão descobrir empresas de Business 2 Business (B2B) que possam singrar nos EUA. Com a mesma facilidade com que entrega cartão-de-visita lembra que os investimentos da Voivoda Ventures oscilam entre 0,5 milhões e um milhão de dólares por empresa. «No fundo é como se fosse um olheiro à procura de cristianos ronaldos das tecnologias», acrescenta.
Eduardo Pinheiro, líder da Muzzley, ganhou o desfile, StartUp Lisboa Undressed mas não aparenta estar especialmente impressionado com a distinção. No currículo tem a passagem por alguns locais que fizeram a história das tecnologias: «Fazem falta estes eventos em Portugal. Em São Francisco, na Califórnia, chega a haver três eventos destes por semana. Além das apresentações propriamente ditas, no final há o networking com as pessoas que participaram no evento ou que nos viram apresentar os projetos. O que pode ser muito importante».
Luís Martins, o mentor da Zaask e um dos participantes no desfile de ideias de negócio, também não tem dúvidas de que não é só na captação de investimentos que Portugal tem de se globalizar: «Precisamos novos modelos de negócio, e estas start ups podem representar o corte que falta fazer com os modelos de negócio antigos».