Mais de um ano depois de Fortnite ter deixado a loja oficial de aplicações do Android, o Google Play, a Epic Games e a Google voltam a travar um braço-de-ferro público por causa do modelo de negócio da plataforma. Ao final desta segunda-feira, a produtora do jogo Fortnite confirmou ter planos para disponibilizar o jogo novamente na loja do Android, mas apenas se não tiver de pagar a percentagem de 30% que a Google cobra às vendas geradas por todas as aplicações da loja. Já a dona do Android recusou abrir qualquer exceção. Pelo que, a menos que haja um volte-face de última hora, o Fortnite não deverá volta à loja de apps do Android.
«O Android permite ter várias lojas de aplicações e escolhas para os programadores distribuírem as aplicações. O Google Play tem um modelo de negócio e uma política de cobrança que permite-nos investir na nossa plataforma e em ferramentas para ajudar os programadores a construírem negócios de sucesso, mantendo os utilizadores seguros», disse a Google, em declarações à publicação The Verge e 9to5Google.
«Qualquer programador que reconheça o valor do Google Play é bem-vindo e esperamos que participem segundo os mesmos termos de todos os outros programadores», acrescentou ainda a empresa.
Após a resposta da Google, a Epic Games reagiu e garante que não quer ser uma exceção, quer antes uma mudança nas práticas da indústria dos conteúdos para smartphones. «Pedimos que a Google não torne obrigatória a sua expectativa pública de que os produtos distribuídos pelo Google Play usem o sistema de pagamentos da Google para compras dentro das aplicações. Acreditamos que esta forma mandatória de serviço de pagamento com uma taxa de 30% é ilegal no caso de uma plataforma de distribuição com mais de 50% de quota de mercado», considera a Epic Games.
Em resposta, a Google lembra que a Epic Games não fez qualquer pedido à Apple relativamente à fatia que a marca da maçã também fica com as vendas feitas através da App Store – igualmente na casa dos 30%.
Esta não é, no entanto, a primeira vez que a Google e a Epic Games estão em “guerra”. Em 2018, as empresas também trocaram palavras duras após a produtora do Fortnite ter decidido retirar o jogo do Google Play.
Além de ser uma questão que coloca em evidência o modelo de negócio e poder das grandes plataformas relativamente aos produtores de conteúdos, as decisões relativas a Fornite acabam por ter maior impacto, já que no ano passado foi o jogo que mais faturou em todo o mundo: 2,16 mil milhões de euros em todas as plataformas.