O Bitcoin (BTC) e o Ethereum (ETH) levaram ao surgimento de novos formatos de ativos digitais que atraíram milhares de investidores. Os NFT (tokens não fungíveis) – elemento digital de propriedade única – foram um desses formatos e um algoritmo de Inteligência Artificial (IA), chamado Botto, já ganhou 1,3 milhões de dólares (cerca de 1,15 milhões de euros) após o leilão das suas primeiras obras de arte NFT.
Até agora, foram leiloadas seis peças NFT como, por exemplo, Asymmetric Liberation, que foi a primeira obra a ser leiloada por 325 mil dólares (cerca de 290 mil euros), seguindo-se Scene Precede por 430 mil dólares (cerca de 380 mil euros). O trabalho mais recente, Cross Adieu, foi o mais barato, sendo leiloado por 81 mil dólares (cerca de 72 mil euros).
Para fazer uma peça, como a que se vê na imagem de destaque desta notícia, Botto começa por gerar uma sequência aleatória de palavras e frases no VQGAN (Vector Quantized Generative Adversarial Network) – uma ferramenta para gerar imagens a partir de palavras. Depois, um software chamado CLIP (Contrastive Language-Image Pre-training) atribui uma pontuação às imagens geradas, comparando-as com outras imagens que existem para o texto fornecido. Quando a imagem final é gerada, o CLIP pode escolher um título de duas palavras de acordo com a imagem. Em seguida, o gerador de linguagem natural GPT-3, da OpenAI, fica responsável pela descrição, ao possuir 5 a 10 tipos diferentes de poesia abstrata da internet que é selecionada e editada por uma equipa humana.
O projeto gera 300 imagens por dia e, por semana, são selecionadas 350 imagens para serem vistas por humanos. Como o computador não pode ter uma opinião, são os membros da comunidade Botto que votam nas obras de arte apresentadas, e a peça vencedora de cada semana é nomeada NFT e leiloada na plataforma SupeRare. Esta votação também é usada para treinar o modelo do Botto que seleciona as imagens finais e influenciar o tipo de texto a ser usado no próximo processo, embora a ideia do projeto seja apresentar peças com características diferentes a cada semana.
O objetivo é tornar a arte valiosa, mas também gerar dinheiro. Um total de 15% do dinheiro angariado com as peças é para a plataforma na qual é feito o leilão e o restante é usado para incentivar a participação no projeto e na votação. O Botto tem o seu próprio token de criptomoeda, construído no blockchain Ethereum. Para votar, os utilizadores precisam de o comprar, trocando unidades de Ether por tokens do Botto. Quantos tokens do Botto tiver, é quantas vezes o utilizador pode votar por semana.
Além disso, as peças são projetadas para gerar, no mínimo, 10% de lucro para o projeto, que serve também para comprar tokens e removê-los de circulação. O processo de retirar de circulação tokens é feito para que o valor destes aumente gradualmente, dado o seu fornecimento restrito, para que qualquer um que compre e participe possa ganhar algum dinheiro vendendo os tokens mais caros do que quando os compraram.
As obras são divulgadas em exposições pela equipa humana, despertando emoções e ideias no público e gerando um fluxo de receita para artistas digitais. O artista digital tem algumas vantagens em relação ao artista humano, podendo aprender rapidamente sobre a história da expressão visual humana, analisar influências e, mais tarde, lembrar-se de tudo o que já viu. Por outro lado, pode produzir trabalhos em minutos, o que para um humano já não é assim tão fácil.