Numa altura em que o ensino vai parar em Portugal – e sem recurso a aulas digitais –, um relatório do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) publicado esta semana mostra como o ensino à distância trouxe dificuldades para os professores. Segundo o estudo, 11% dos docentes dizem ter sido vítimas de intrusões em aulas por videoconferência (ato conhecido como zoombombing), 5% dizem ter descoberto software malicioso no dispositivo que estava a usar e 2% revelam ter sofrido intrusões nas contas de e-mail, pessoal ou profissional, ou na plataforma de ensino usada.
O relatório destaca que 70% dos professores inquiridos não sofreram qualquer ameaça online, mas há ainda assim outros relatos de tentativas de phishing (3%), de terem sido vítimas de bullying (1,5%) e até de aliciamento online e de extorsão sexual (0,3%).
No geral, 20% dos professores consideraram a adaptação ao ensino à distância difícil ou muito difícil, quase 40% dizem estar pouco ou nada informados sobre os diferentes riscos que existem no mundo online e mais de 75% alertam para o facto de os alunos também estarem pouco ou nada informados sobre os riscos online.
Já nos resultados referentes a métodos de ensino, 93% dos docentes dizem ter recorrido a plataformas de videoconferência para manter as aulas – o Google Classroom/Meet (52%), o Zoom (39%), o Microsoft Teams (33%) e o Moodle (13%) foram as mais usadas. Nas metodologias de ensino à distância, o envio de conteúdos por e-mail também foi outra ’tábua de salvação’ para 88% dos professores, assim como o envio de mensagens por plataformas como o WhatsApp e Messenger (42%).
Outro dado em destaque no estudo é o facto de a quase totalidade dos professores (96%) ter usado “sempre” equipamentos informáticos próprios durante os períodos de aulas à distância. Apenas 3% dizem ter usado um misto de equipamentos próprios e da escola, e só 1% dizem ter usado sempre o equipamento escolar.
Segundo a nota metodológica, o questionário foi feito pelo Observatório de Cibersegurança, do CNCS, com o apoio da Direção-Geral de Educação (DGE). O inquérito era constituído por perguntas maioritariamente fechadas e foi respondido através de uma plataforma online entre os dias 20 de outubro e 15 de novembro de 2020. A população incluiu todos os docentes do ensino não superior, nomeadamente primeiro, segundo e terceiro ciclos e ensino secundário. Obtiveram-se 21 126 respostas.