O Facebook desenvolveu uma ferramenta que permite alterar de forma automática alguns elementos no rosto de um utilizador, seja num vídeo ou numa imagem, e que engana sistemas avançados de reconhecimento facial. «É capaz de criar aspetos naturais numa sequência de imagens com pouca distorção no tempo», escreve a tecnológica num estudo publicado neste domingo.
O sistema do Facebook assenta em duas ferramentas diferentes: um classificador de rostos já com treino prévio, isto é, que consegue identificar os diferentes elementos que existem numa cara; e um codificador automático adversarial, que cria uma representação diferente da cara tendo por base a análise do classificador de rostos. É esta mistura de sistemas que permite, segundo a tecnológica norte-americana, criar imagens que, apesar de reterem elementos da identidade e expressão do vídeo original, não são reconhecidos pelas ferramentas de inteligência artificial.
No estudo publicado, o Facebook diz que o trabalho conseguido pelos investigadores Oran Gafni, Lior Wolf e Yaniv Taigman é pioneiro na aplicação do conceito de “desidentificação” – mascarar a identidade de um sujeito – em vídeos em tempo real e com um elevado número de imagens por segundo.
«Isto permite, por exemplo, um utilizador deixar uma mensagem de vídeo de aspeto natural num fórum público, mas de forma anónima, que presumivelmente previne tecnologias de reconhecimento facial de reconhecê-lo», lê-se na publicação.
Apesar de a pessoa no vídeo codificado pela nova ferramenta ter um aspeto semelhante ao da pessoa original e de conseguir enganar «redes de reconhecimento avançadas», também os seres humanos, segundo os dados apurados pelo Facebook, têm dificuldade em reconhecer quem é a pessoa “por trás” do vídeo, mesmo quando têm tempo para analisá-lo.
O que ajuda na melhor identificação do sujeito é o contexto que o rodeia. Num vídeo publicado no YouTube, é possível ver a nova tecnologia do Facebook aplicada em diferentes pessoas e cenários. Olhando apenas para o vídeo alterado, nem todas as caras são imediatamente reconhecíveis.
Outro dos aspetos em destaque neste novo sistema do Facebook é que não é necessário treinar o sistema de inteligência artificial sempre que é usado um vídeo ou uma pessoa diferente.
Por agora este parece ser um avanço dado apenas com objetivos de investigação: em declarações à publicação VentureBeat, fonte do Facebook já disse que a tecnológica não tem planos para integrar esta tecnologia na rede social – e que em alguns países tem a funcionar um sistema de reconhecimento facial próprio.