O Google vai deixar de ser o motor de busca pré-definido nos smartphones e tablets Android, a partir de 2020. Em alternativa, aos utilizadores vai ser mostrada uma lista de quatro motores de busca, que vai variar de país para país dentro do Espaço Económico Europeu e do qual Portugal faz parte. Para definir quem ocupa os lugares da lista vai ser feito um leilão. E a Google vai cobrar aos motores de busca rivais, sempre que selecionados, para serem a opção pré-definida.
De acordo com a informação partilhada, o leilão vai acontecer país a país, sendo que o valor mínimo definido para este “concurso” também vai ser diferente por nação: por exemplo, o valor da licitação mínima em Portugal poderá ser diferente do valor da licitação mínima em França.

Exemplo da lista de opções que vai surgir aos utilizadores
«No leilão de cada país, os fornecedores de serviços de pesquisa vão dizer o preço que estão dispostos a pagar cada vez que um utilizador selecioná-los no ecrã de escolha nesse país. Cada país vai ter um limite mínimo de licitação. As três licitações que cumpram ou excedam o limite de licitação para um determinado país vão aparecer no ecrã de escolha para esse país», escreve a Google na publicação na qual revela o novo sistema.
A Google considera que o leilão «é um método justo e objetivo» para determinar quais os fornecedores de motores de busca que vão ser incluídos no ecrã de escolha que vai ser mostrado aos utilizadores. A tecnológica também já esclareceu que não vai revelar o número de licitadores por país, qual o mínimo de licitação por nação e quais os valores finais das ditas licitações.
Os motores de busca interessados devem submeter propostas à Google até ao dia 13 de setembro. A decisão de quais os motores de busca mostrados em cada país terá de ficar definida até ao dia 31 de outubro. A lista será depois sujeita a nova licitação uma vez por ano.
Este novo sistema de escolha do motor de busca vai começar a ser aplicado a partir do início de 2020 – quando, ao certo, a Google não adianta – e vai surgir durante o processo de configuração da esmagadora maioria de equipamentos novos. Os dispositivos que já trouxerem de origem outro motor de busca que não o Google, não passarão por este processo.
O motor de busca que o utilizador vier a escolher nesse processo passa a ser a pré-definição para a barra de pesquisas do sistema operativo Android, do navegador Google Chrome [se vier pré-instalado] e também será instalada a aplicação do motor de busca vencedor.
A Google coloca, no entanto, requisitos mínimos às empresas que queiram lutar por um lugar na lista dos motores de pesquisa: têm de estar disponíveis nos idiomas de cada país e têm de ter uma aplicação própria disponível no Google Play.
Apesar de ser cobrado um valor por cada utilizador “conquistado” durante a fase de seleção, será depois possível trocar o motor de busca pré-definido a qualquer altura, tal como já acontecia até agora.
Esta é a resposta da Google à multa de 4,3 mil milhões de euros aplicada pela Comissão Europeia por práticas anticoncorrenciais. Na altura ficou também decidido que a tecnológica norte-americana devia parar de pré-definir o motor de busca no sistema operativo Android.
* Artigo atualizado para clarificar que os utilizadores poderão trocar de motor de busca mesmo após a seleção feita no ecrã de configuração