O 4chan conta com mais de 27 milhões utilizadores regulares – e esse deveria ser motivo suficiente para levantar um sorriso dos gestores do site. Só que no 4chan a lógica nem sempre é o fator mais valorizado. E por isso o sucesso de audiências poderá não ser suficiente para evitar um mal maior num site que tanto aloja debates sobre videojogos e política, como publica memes jocosos e dissemina imagens pornográficas: «a publicidade está a ficar cada vez pior e os custos aumentam porque temos cada vez mais utilizadores», alertou Hiroyuki Nishimura, atual responsável pela gestão do 4chan, admitindo que o site está em risco de fechar devido aos problemas de tesouraria.
Em 2013, Chris Pool, fundador do 4chan, tentou lançar um programa de captação de publicidade, que previa o lançamento de campanhas publicitárias por custos a partir dos 20 dólares. A ideia podia ter bons propósitos – mas nunca chegou a produzir grandes resultados, como recorda a BBC. No 4chan, um típico site do “contra”, a maioria dos utilizadores tem por hábito bloquear a publicidade. A este fator junta-se um segundo: poucas marcas estão a fim de ser associadas a um site onde tudo pode ser dito e discutido e o politicamente incorreto funciona como principal motor de debate.
Segundo a BBC, os atuais diretores do 4chan tiveram de começar a trabalhar em medidas capazes de reduzir a despesa: redução do tamanho das imagens publicadas, eliminar alguns grupos de debate; aumento do número de anúncios publicados e funcionalidades exclusivas para utilizadores que pagam são algumas das soluções que têm vindo a ser testadas.
Desde 2003 até hoje, o 4chan conta já com alguns feitos que estão longe de ser consensuais: foi neste site que surgiram os primeiros memes de Lolcats, e foi também ali que os Anonymous começaram a tomar forma. Entre as proezas figura ainda um meme com Rick Astley, que viria a dar uma segunda vida artística ao cantor.
Também foi graças à capacidade de mobilização do 4chan que algumas votações online acabaram por ter resultados um pouco diferentes dos esperados: Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, acabou por liderar a votação da personalidade do ano para a revista Time; levar um fã que apenas queria cheirar o cabelo de Taylor Swifft a encontrar-se com a cantora; ou escolher para nome de um novo refrigerante as denominações Causing Diabeetus e Hitler Did Nothing Wrong.