A usabilidade é a disciplina das tecnologias que garante que uma aplicação ou site respeitam os parâmetros mínimos no que toca à disponibilização de informação e acesso às funcionalidades. Ora, de acordo com a Tangível, o serviço de IRS online está muito longe de ser um exemplo de usabilidade.
Um estudo realizado a partir da observação de vários contribuintes durante o preenchimento dos formulários das declarações de IRS chegou a algumas conclusões que deverão dar que pensar à Autoridade Tributária e Aduaneira (ATA) nos próximos tempos: «um autêntico quebra-cabeças, especialmente para o cidadão que o utiliza pela primeira vez. Os utilizadores observados, além de terem demorado muito tempo a preencher a declaração, eram obrigados a interromper o processo, sistematicamente, para procurarem dados como o código da freguesia ou o Código de Atividade Económica (CAE) e outros dados que o sistema já deveria possuir e recuperar de ano para ano», atesta José Campos, líder da Tangível e docente da Universidade de Coimbra, em comunicado.
O mesmo comunicado aponta a maior crítica ao interface que o Portal das Finanças disponibiliza para o IRS online, classificando-o como «desastroso». Entre os reparos agora divulgados pela empresa de Coimbra, destaque ainda para a «linguagem altamente técnica e indecifrável para o cidadão comum, dificuldades na instalação do software Java, desconhecimento do Anexo SS, falta de informação e informação desenquadrada».
José Campos não tem dúvidas de que, tal como está, a plataforma do IRS online só beneficia os especialistas em fiscalidade: «a plataforma não cumpre o objetivo para a qual foi criada – a de facilitar a vida aos cidadãos. Não está orientada para as pessoas. Em vez disso, reflete a lógica complexa das Finanças. Não é de estranhar que muitas pessoas paguem a contabilistas ou peçam a amigos para fazerem a declaração por eles».