A Intel, tecnológica norte-americana e um dos maiores produtores de chips do mundo, apresentou uma nova tipologia de chip que se destaca por dois motivos: pela relação entre o número de núcleos/threads do componente; e depois por usar uma tecnologia diferente, baseada em fotónica.
Nos chips convencionais, aqueles que usamos nos nossos computadores, a relação entre os núcleos de processamento e as threads (linhas de execução de processos, em paralelo, que permitem, na prática, criar ‘núcleos virtuais’ para que o processador possa fazer mais tarefas em simultâneo) é tipicamente de um para dois ou até menos. Ou seja, é comum encontrar-se chips com quatro núcleos e oito threads ou oito núcleos e 16 threads (havendo também exemplos de chips com oito núcleos e apenas 12 threads, já que alguns núcleos são de performance e outros são de eficiência).
O PUMA (acrónimo de Programmable Unified Memory Architecture ou arquitetura de memória unificada programável, em tradução livre), anunciado pela Intel no evento Hot Chips 2023, apresenta uma relação de núcleos/threads completamente fora do habitual: apesar de ter apenas oito núcleos físicos, consegue ter 528 threads. Ou seja, com o mesmo número de núcleos é possível fazer muitas, mesmo muitas mais tarefas em paralelo e simultâneo.
Na prática, as threads permitem que um processador realize várias tarefas de forma aparentemente simultânea, embora o processador esteja na realidade a alternar rapidamente entre as linhas de execução para garantir que tudo está a ser processado ao mesmo tempo.
Aliás, este chip foi desenvolvido pela Intel ao abrigo de um programa da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA no acrónimo em inglês) que tem como objetivo aumentar até mil vezes (!) a performance por watt de energia consumido pelos processadores. A ideia é criar sistemas mais eficientes e que ajudem a democratizar a computação na escala dos petabytes.
Segundo a publicação Tom’s Hardware, o chip construído pela Intel usando a arquitetura RISC (e não a x86, própria da Intel), utiliza um processo de fabrico de sete nanómetros, contém 27,6 mil milhões de transístores, tem uma relação de 66 threads por núcleo e consegue atingir um terabyte por segundo de transferência de dados.
Se os números são, por si só, dignos de notícia, há um segundo fator de relevo neste anúncio da Intel. A empresa utiliza fotónica de silício (computação através da utilização de feixes de luz), que permite ganhos importantes sobretudo na velocidade de transmissão dos dados. E como com tantas threads a transmissão de informação é muito superior, a empresa optou por “interconectores fotónicos” para gerir o fluxo de dados.
De acordo com a apresentação da Intel, o PUMA consome apenas 75 watts de energia em funcionamento, sendo que deste valor apenas 29% está relacionado com o funcionamento específico dos núcleos físicos de computação (outros 59% são usados no sistema fotónico para a transmissão de dados).