Palmer Luckey fundou a Oculus e vendeu a empresa ao grupo Facebook em 2014. O homem, considerado o pai da Realidade Virtual moderna, pegou agora num aparelho Oculus Quest Pro e alterou-o com três cargas explosivas, colocadas sobre o visor e que detonam se o utilizador perder o jogo que está a experimentar. As cargas estão mesmo apontadas sobre o cérebro e uma explosão oblitera completamente a cabeça do utilizador.
“A ideia de experimentar na vida real o que o avatar está a sentir sempre me fascinou – elevamos a fasquia ao máximo e forçamos as pessoas a fundamentalmente repensar a forma como interagem com o mundo virtual e os jogadores lá”, escreve Palmer no seu blogue, na publicação onde apresenta a iniciativa. “Gráficos melhorados podem tornar o jogo mais real, mas só a ameaça de consequências sérias pode fazer com que o jogo pareça real para o utilizador e para todas as outras pessoas”, cita o Motherboard.
O headset explosivo surge numa altura em que o jogo anime Sword Art Online está a ganhar popularidade. Ali, o utilizador coloca um headset NerveGear e faz login no jogo para descobrir que um cientista maléfico o aprisionou. Para conseguir sair, o jogador tem de percorrer uma masmorra de cem andares, repleta de perigos. Se morrerem no jogo, acabam por morrer na vida real, explica Luckey. O headset foi lançado a 6 de novembro, data de estreia do jogo também.
No jogo, o headset NerveGear mata o jogador com um emissor de microondas. Luckey não conseguiu recriar na vida real uma réplica idêntica e teve de optar pelas cargas explosivas modulares. No seu aparelho, os explosivos estão ligados a um sensor que deteta quando é visto um ecrã vermelho que pisque com determinada frequência, e que indica que o personagem morreu: “Quando um ecrã de game-over apropriado é mostrado, as cargas disparam, destruindo instantaneamente o cérebro do utilizador”, explica o criador.
Luckey trabalha como fornecedor de várias instituições de defesa nos EUA e é também o fundador da Anduril, pelo que tem acesso ‘facilitado’ a material explosivo, o que deve ter ajudado a criar este aparelho.
“Tenho planos para criar um mecanismo anti-desmantelamento que, como NerveGear, faça com que seja impossível remover ou destruir o headset (…) Mesmo assim, há uma variedade de falhas que podem ocorrer e que matam o utilizador no tempo errado. Por isso é que ainda não tive coragem para o usar em mim mesmo”, assume. “Neste momento, é apenas um pedaço de arte, um lembrete provocador de avenidas inexploradas no design de jogos (…) é, tanto quanto sei, o primeiro exemplo de um aparelho de Realidade Virtual não-ficcional que pode de facto matar o utilizador. Não deve ser o último”.