Anil Nanduri, diretor do Grupo de Produtos e Soluções de Computação Percetual da Intel, não tem dúvidas: o modo de interação com os computadores não tem acompanhado a Lei de Moore. «Durante três décadas usámos ratos e teclados e só há dois anos se começou a usar ecrãs táteis», recordou o responsável da Intel, num evento de apresentação de inovações tecnológicas que a fabricante de chips está a organizar em São Francisco, EUA.
A Intel está apostada em aproximar o ciclo de evolução dos periféricos de interação com o PC da célebre Lei que influenciou a evolução dos processadores, através do lançamento de um dispositivo conhecido como Perceptual Computing SDK que reconhece o rosto do utilizador e permite interagir com várias aplicações através de gestos ou comandos de voz.
O novo dispositivo, que tem a particularidade de captar a profundidade dos movimentos e dos objetos, deverá ser lançado em breve numa parceria com a Creative. E é apenas o primeiro passo da estratégia comercial da Intel no que toca a novos modos de interação: na segunda metade de 2014, esta solução que atua como complemento do rato e do teclado deverá beneficiar do tradicional processo de miniaturização tecnológica e passará a ser integrado dentro do chassis do computador (eventualmente em substituição da webcam).
Os responsáveis da Intel preferem não fornecer muitos detalhes sobre o custo ou as características técnicas do novo módulo de interação que deverá constar nos chassis dos portáteis mais sofisticados lançados em 2014. Apesar do cuidado com a informação divulgada, a gigante dos processadores reitera a intenção de transformar a forma como milhões de pessoas interagem com o computador: «Funcionalidades de reconhecimento do rosto, controlo por voz, ecrã tátil ou wireless display (transmissão de imagens para outros ecrãs) deverão tornar-se requisitos técnicos dos ultrabooks», informa Adam King, diretor de Marketing do Grupo de Clientes de PC da Intel.
A Intel aproveitou a reunião com jornalistas de vários pontos do mundo para a dar a conhecer o potencial das novas soluções de interação, que foram desenvolvidas a partir de um SDK anunciado no final de 2012. Entre as demonstrações que causaram maior sensação, destaque para o jogo Portal 2, cuja versão com interação por gestos deverá dar que falar até ao final do ano, soluções de realidade aumentada que permitem “manusear” objetos virtuais e ainda um pequeno jogo com uma personagem animada que tanto pode imitar as expressões faciais do utilizadores como atuar como adversário em jogos que têm por base os gestos. No que toca ao controlo por voz, a Intel centra as atenções uma aplicação ainda em versão beta que aceita comandos ditados em nove idiomas.
Num estado mais avançado encontra-se a solução de reconhecimento de rostos, que tira partido da profundidade para evitar situações em que alguém menos bem intencionado tenta ludibriar o sistema de segurança com uma simples foto. «Também pode ser útil para, por exemplo, emprestar o computador a uma pessoa. Nesse caso, o computador deteta que o utilizador mudou e pode desativar todas as cookies e formulários de serviços e sites que costuma usar, para salvaguardar a privacidade do dono da máquina», explica Anil Nanduri.