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A Nintendo mantém parte da consola longe dos olhares do público e dos jornalistas
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O GamePad é ergonómico e está carregado de funcionalidades, como NFC e infravermelhos
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Ambiente da nova rede social da Nintendo, o Miiverse. Esta rede vai estar acessível da Wii U, DS, PCs, tablets e smartphones
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O novo controlador foi criado para atrair os jogadores mais entusiastas
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Exemplo de um jogo onde o segundo ecrã é usado para aumentar o realismo da experiência
Muitos acreditavam que a Nintendo iria aproveitar a E3 como plataforma de lançamento oficial da nova consola da marca japonesa. Nada mais errado. Na verdade, apesar do stand da Nintendo na E3 incluir dezenas de Wii U e 23 novos jogos em demonstração, ainda não foi desta que soubemos pormenores importantes como o preço ou as características do hardware interno. Aliás, a Nintendo nem anunciou uma data oficial para o lançamento, limitando-se a indicar, através da voz do seu presidente para os EUA, Reggie Fils-Aime, que a consola vai chegar no período das férias. Apesar da insistência da Exame Informática, os responsáveis da Nintendo Ibéria não quiseram ser mais específicos quanto à referida data.
Confirmações e novidades
A Wii U já tinha sido pré-apresentada na E3 do ano passado, mas a Nintendo anunciou várias novidades no que toca ao hardware e, sobretudo, uma lista já extensa de videojogos para a nova plataforma.
GamePad
Este passa a ser o nome oficial do novo controlador de jogos, que apresenta algumas alterações relativamente ao desenho apresentado no ano passado: os dois controlos analógicos passaram a ser sticks ao invés pads circulares ao estilo da Nintendo 3DS. Estes sticks controlados pelos polegares são clicáveis, ou seja, também funcionam como botões. São complementados por um pad direcional, botões Direito e Esquerdo para os indicadores e gatilhos.
Apesar de ser um comando grande devido ao ecrã tátil de seis polegadas (cerca de 15 cm de diagonal), não nos pareceu pesado. No entanto, não foi possível confirmar se os comandos que experimentámos já incluíam bateria. Aliás, a Nintendo até nos pediu para não fotografar em filmar a parte inferior do comando, indicado que o desenho desta zona não era ainda o final.
Não ficámos particularmente impressionados com a qualidade de construção. O plástico pareceu-nos “barato”, mas, pela positiva, sólido q.b..
O GamePad inclui ainda câmara, sensor de infravermelhos para controlar os televisores (há um botão para ativar esta funcionalidade) e, a grande novidade, o sensor Near-Field Communications, colocado na zona à esquerda do ecrã do GamPad. Esta tecnologia vai permitir aos jogadores adicionarem elementos ao jogo a partir de objetos reais equipados com NFC (ao estilo Skylanders) ou outros elementos físicos que podem receber e armazenar informações do jogo ou jogador.
Wii U Pro Controller
Trata-se de um comando desenhado para atrair os jogadores mais entusiastas. É, em termos de funcionalidade, semelhante aos gamepads da Playstation 3 e Xbox 360. Na verdade, parece ter nascido da fusão entre um comando da Xbox 360 e o Classic Controller Pro que já conhecíamos da Wii. No primeiro contacto, este comando pareceu-nos sólido e ergonómico, adaptando-se a diferentes tamanhos de mãos.
Segundo ecrã
Os jogos demonstrados utilizam o ecrã do GamePad de diferentes modos. No Batman Arkam City Armored Edition, o GamePad funciona como sistema de controlo do inventário e do conjunto de gadgets que Batman costuma transportar e usar contra os vilões e em Zombi U, é no GamePad que o jogador escolhe as armas a utilizar e introduz os códigos para abrir portas.
Jogos assíncronos
Em alguns jogos demonstrados, o jogador poder continuar a jogar no GamePad sem a televisão graças ao ecrã tátil incluído. Vai ser o caso do Wii Fit U, onde é possível seguir as instruções de execução dos exercícios físicos sem ser necessário o televisor.
O segundo ecrã vai permitir ainda a criação de um novo tipo de jogos denominados assimétricos. Nestes videojogos é possível que dois jogadores tenham experiências bem diferentes de jogo. Por exemplo, em Just Dance 4, o jogador com GamePad assume a personagem de coreógrafo, controlando as instruções de dança que surgem no televisor para os restantes jogadores seguirem.
Retrocompatibilidade
Confirmámos que a Wii U vai suportar os comandos já existentes para a Wii, nomeadamente Wii Remotes, Nunchuks e a Balance Board (Wii Fit). Uma boa notícia para quem já tem a Wii já que permite diminuir o investimento para multijogadores. Como já anunciado, a retrocompatibilidade estende-se aos jogos.
Alta definição
Ainda não foi desta que pudemos ver totalmente a consola. A Nintendo tinha muitas Wii U na feira, mas todas estavam dentro de caixas que apenas permitiam ver a zona frontal, o que significa que não nos foi possível analisar as saídas disponíveis.
No entanto, confirmámos que Wii U suporta alta-definição até 1080p e que vai incluir um vasto leque de conexões de vídeo, incluindo HDMI, componentes e RGB. Mas não sabemos se as ligações vão ser todas diretas ou via cabos adaptadores.
Mas, como a Wii, a unidade ótica da Wii U não permite reproduzir discos Blu-ray nem sequer DVDs.
Ligações
A Wii U tem ranhura para cartões SD, duas portas USB frontais e duas portas USB traseiras. A ligação à rede é feita através de uma ligação Wi-Fi 802.11b/g/n. Não há porta de rede, mas é possível utilizar redes cabladas via adaptador USB/LAN.
Processadores
Como referido, a Nintendo não adiantou pormenores técnicos sobre a máquina, mas nos corredores da feira foram referidos dois processadores de modo muito genérico: processador central IBM (arquitetura Power) e processador gráfico da família AMD Radeon. Sabe-se que o processador central é multicore, mas ainda não é claro quantos núcleos tem. O mesmo se pode dizer do chip gráfico, já que AMD produz uma enorme variedade de processadores gráficos com a marca Radeon HD.
Gráficos e desempenho global
As características gráficas “cartonescas” dos jogos Nintendos não nos permitem tirar grandes conclusões quanto o real desempenho gráfico da Wii U. No entanto, verificámos claramente que o Pikmin 3 tem uma nitidez e uma riqueza de pormenores superior ao atual Pikmin para Wii.
As capacidades gráficas são mais evidentes em jogos como Batman: Arkham City e Zombi U. No entanto, pelo que vimos, estes jogos estão quanto muito ao nível do que a Xbox 360 e a PS3 já nos habituaram. Não nos pareceram, de todo, jogos com grafismo da próxima geração. É bem possível que a situação melhore porque os jogos demonstrados ainda estão longe de estar finalizados. Aliás, detetámos vários bugs, como transparências onde não deviam existir e quadrados de píxeis em fumo e fogo, e uma evidente redução da fluidez (fotogramas por segundo) em momentos de grande ação no ecrã.
Rede social Miiverse
Logo que o utilizador liga a Wii U surge um ecrã onde são apresentados os Miis da rede do jogador. Neste ecrã é possível trocar rapidamente mensagens de texto e até mesmo imagens e desenhos criados diretamente no painel tátil do GamePad. O espirito de comunidade vai estar também presente em muitos jogos para que, por exemplo, os jogadores possam partilhar recordes pessoais ou dicas sobre o jogo.
Jogos
Da própria Nintendo os destaques vão para o Pikmin 3, New Super Mario Bros. U, e NintendoLand. Este último é, na realidade, um conjunto de 12 mini-jogos com as personagens bem conhecidas da Nintendo (Donkey Kong, Zelda, Luigi…).
Entre os jogos de terceiros, foram destaque para Assassin’s Creed III, Batman: Arkham City e Zombi U.
Veredicto
A Nintendo está a utilizar uma política de divulgação de informação a conta-gotas. A justificação é que deste modo é mais fácil explicar e sublinhar todas as potencialidades da Wii U, já que, de acordo com os responsáveis da Nintendo, a Wii U é tão revolucionária que é necessário explicar muito bem todo o potencial da consola.
Mas o facto é que a Nintendo desiludiu ao acrescentar tão pouca informação relativamente aos dados já conhecidos desde a E3 do ano passado.
O segundo ecrã e a jogabilidade assimétrica são muito promissores. Mas falta saber até que ponto as produtoras de software vão investir em funcionalidades que aproveitem, de facto, o segundo GamePad – é sempre mais fácil adaptar os jogos para as diferentes plataformas disponíveis.
Também não é ainda evidente qual será o desempenho real da Wii U em termos de grafismo.
Quanto ao preço e à disponibilidade, só sabemos que «vai ser um preço Nintendo» e que vai chegar «na época de férias».