Dois estudos separados, realizados com dados do ALMA (Atacama Large Milimiter/submilimiter Array), detetaram oxigénio na galáxia mais distante que foi encontrada, a JADES-GS-Z14-0. Esta galáxia está tão longe que a sua luz demora 12,4 mil milhões de anos a chegar à Terra, o que significa que a estamos a ver como quando o Universo tinha 300 milhões de anos, 2% da sua idade atual. Sander Schouws, do Observatório Leiden, explica que “é como encontrar um adolescente quando esperávamos ver bebés apenas”. A descoberta de oxigénio sugere que a galáxia é muito mais madura do que se esperava.
Segundo a publicação no The Astrophysical Journey, “os resultados mostram que a galáxia se formou mais rapidamente do que o esperado e está a maturar mais rapidamente, acrescentando às evidências de que a formação de galáxias acontece muito mais rápido do que o esperado”.
Numa fase inicial, as galáxias são compostas de elementos leves como hidrogénio e hélio e, à medida que as estrelas evoluem, criam elementos mais pesados como oxigénio que se dispersa através das galáxias quando a estrela-anfitriã morre. Aos 300 milhões de anos de idade, os astrónomos estimavam que o Universo ainda seria demasiado novo para ter oxigénio, crença agora contrariada. A JADES tem 10 vezes mais elementos pesados do que o esperado, lemos na publicação do European Southern Observatory (ESO).
A deteção de oxigénio permitiu aos astrónomos realizarem medições de distâncias de uma forma muito mas precisa: “A deteção do ALMA oferece medições extraordinariamente precisas da distância da galáxia com uma incerteza de apenas 0,005%. Este nível de precisão – análogo a cinco centímetros a uma distância de um quilómetro – ajuda a refinar o nosso conhecimento sobre propriedades de galáxias distantes”, contra Eleaona Parlanti, estudante na Scuola Normale Superiore de Pisa e autora do estudo publicado no Astronomy & Astrophysics.
A galáxia foi descoberta com recurso ao telescópio espacial James Webb e a revelação de oxigénio surge com a análise de dados do ALMA, o que evidencia uma sinergia entre os dois sistemas, essencial para revelar a formação e evolução das primeiras galáxias.