Uma investigação da Universidade da Carolina do Sul, EUA, revelou que o núcleo interno da Terra pode ser muito mais maleável do que se acreditava até agora. O professor John Vidale liderou a equipa de estudo e explica que o objetivo inicial “não era definir a natureza física do núcleo interno”, mas sim perceber os motivos pelos quais a rotação do núcleo estava a abrandar.
O trabalho teve em consideração dados de 121 sismos ocorridos entre 1991 e 2024 em 42 localizações nas ilhas South Sandwich, a norte da Antártica. Durante a análise das ondas sísmicas, surgiram dados que contradiziam a crença vigente sobre a composição do núcleo interno. “Enquanto analisamos dados sismográficos de várias décadas, um conjunto de ondas sísmicas destacou-se. Mais tarde, percebi que estava a ver evidências de que o núcleo interno não é sólido”, conta Vidale ao Space.com.
A equipa passou para uma técnica de resolução melhorada e percebeu então que as ondas sísmicas “representavam atividade física adicional no núcleo interno” evidenciando que “próximo da superfície da Terra, o núcleo interno passa por alterações estruturais”.
Esta descoberta pode ajudar a explicar o abrandamento do núcleo e levar a um melhor entendimento sobre os campos magnéticos e térmicos da Terra. O estudo completo foi publicado a 10 de fevereiro na Nature Geoscience.