Um artigo publicado no Nature Communications descreve o trabalho de duas equipas de investigadores que conseguiram mapear um corredor desconhecido até agora na Grande Pirâmide de Gizé. As evidências sobre este corredor surgiram em 2016, mas só agora são confirmadas, naquela que o antigo ministro egípcio Zahi Hawass descreve como sendo “a maior descoberta do século XXI”.
A utilização de muões para fins arqueológicos é já histórica, tendo sido aplicada com sucesso em várias ocasiões. Há diferentes tipos de abordagem com estes raios, mas tipicamente envolvem câmaras cheias de gás por onde os muões passam e depois colidem, deixando um rasto visível de luz que é usado para reconstruir a trajetória e se perceber a espessura do objeto detetado. O ArsTechnica evoca situações onde estas técnicas foram usadas para detetar transporte de material nuclear ilegal entre fronteiras, na procura de ruínas Maias no Belize ou mesmo trabalhos de preservação de igrejas em Florença.
Na Grande Pirâmide de Gizé, construída há 4500 anos, há partes abertas ao público e que são sobejamente conhecidas, mas permanecem outras áreas vedadas, seladas e ainda por descobrir. Não havendo plantas da altura, várias equipas tentam por diferentes meios conseguir perceber o que ainda se esconde dentro da estrutura, sem recorrer a técnicas invasivas.
O espaço vazio deste corredor agora descoberto foi detetado em 2016, situado a 15 a 17 metros de altura do solo. A equipa usou películas de emulsão nuclear, fornecidas pela Universidade de Nagoya no Japão, que conseguem detetar partículas sem necessidade de alimentação elétrica, dispondo-as em diferentes pontos de observação para determinar localização, inclinação e disposição vertical do corredor.
Outra equipa recorreu a telescópios de muões por fora das pirâmides, que produziram resultados muito mais rápidos. Ambos os trabalhos confirma a existência de um corredor ascendente, de nove metros que leva a um local desconhecido até agora.