Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), EDP e WavEc integram um projeto que visa instalar dois parques híbridos offshore na Europa, um dos quais em Portugal, que será instalado ao largo da Aguçadoura, na Póvoa do Varzim.
De acordo com um comunicado, o projeto, intitulado de EU-SCORES (European SCalable Offshore Renewable Energy Sources), será financiado pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020, no valor de 45 milhões de euros e visa contribuir para o objetivo da União Europeia de atingir zero emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, graças ao elevado potencial dos sistemas solares, eólicos offshore e das ondas.
“Hoje é claro que a transição energética a nível global passará pela exploração eficiente e sustentável do oceano, possivelmente o nosso recurso mais importante em Portugal. O projeto EU-SCORES apresenta uma excelente oportunidade para demonstrar conceitos híbridos inovadores que poderão alavancar a indústria renovável offshore em Portugal e na Europa”, afirma Francisco Correia da Fonseca, Engenheiro Sénior no WavEC.
Este projeto é financiado no âmbito do programa Green Deal da União Europeia, e prevê a instalação de dois demonstradores, ou seja, de dois parques híbridos na Europa, um em Portugal e outro na Bélgica. Neste sentido, os investigadores pretendem que estas instalações mostrem os benefícios da produção de energia contínua, aproveitando fontes de energia complementares, incluindo vento, sol e ondas. O INESC Tec acrescenta ainda que “esta abordagem híbrida criará um sistema de energia mais resiliente e estável, com maior capacidade de produção e a um custo mais baixo por MWh (Megawatt-hora)”.
Paralelamente à instalação do parque hibrido, os investigadores irão analisar a viabilidade da exploração de outros recurso energéticos, como a produção de hidrogénio verde, do ponto de vista técnico e económico no decorrer do projeto.
“A produção de energia offshore será um vetor fundamental da transição energética do planeta e do combate às alterações climáticas. Na EDP, somos pioneiros no uso do espaço marítimo para a produção de energia renovável, fazendo parte do consórcio que instalou o primeiro parque eólico flutuante da Europa Continental. Com este novo projeto, que vai explorar em conjunto múltiplas tecnologias em alto mar, pretendemos demonstrar o forte contributo que a produção offshore pode dar para a produção e consumo de energia limpa”, declara João Maciel, Diretor de I&D da EDP.
A estrutura instalada em Portugal, no largo da Aguçadoura, na Póvoa do Varzim, será um parque de energia das ondas de 1,2 MW da empresa CorPower Ocean Lda, que irá permitir aos investigadores “obter dados científicos relevantes para análise, dada a proximidade ao parque eólico offshore”, tendo em consideração a proximidade com o parque eólico ‘offshore’ em Viana do Castelo, Windfloat Atlantic.
Neste sentido, ao largo de Viana do Castelo, e no âmbito do projeto, será ainda instalado um hub que permite “a possibilidade de ligação de um parque de 10MW de energia das ondas, tirando partido da infraestrutura submarina existente”.
Relativamente à demonstração belga, será instalado um sistema fotovoltaico ‘offshore’ de 3MW da Oceans of Energy num parque eólico fixo.
“A abordagem híbrida permitirá um fornecimento de eletricidade mais confiável e constante, já que temos diferentes fontes de geração de energia, e uma fonte pode compensar a outra quando a produção de uma delas for insuficiente. A utilização em simultâneo de infraestruturas elétricas críticas e a exploração de metodologias avançadas de operação e manutenção do parque híbrido, apoiada por sistemas autónomos inovadores, também trará benefícios ao nível da redução de custos por MWh”, afirma Bernardo Silva, investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência INESC TEC, um dos parceiros portugueses do projeto.
Para além das três organizações portuguesas mencionadas, o projeto conta com 17 parceiros, de nove países europeus (Holanda, Bélgica, Alemanha, Suécia, Itália, Finlândia, França, Portugal, Irlanda), sendo liderado pelos holandeses do Dutch Marine Energy Centre (DMEC).
Os investigadores irão contribuir na definição da solução e sua implementação e monotorização das estruturas e biodiversidade marítima, de modo a entender o impacto da implementação desta solução. “Os parceiros portugueses irão contribuir também no desenvolvimento de estratégias de controlo para a operação e de gestão de ativos para a operação otimizada dos parques híbridos, assim como na simulação da participação deste tipo de parques em ambiente de mercado de energia elétrica”.