No final de maio, já será possível descarregar uma app criada por investigadores portugueses, que lança alertas para possíveis contactos ou interações com pessoas que assumiram ter sido infetadas por Covid-19. A app, que dá pelo nome Stayaway, foi criada por um grupo de investigadores do INESC TEC, com o apoio do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). Os criadores da app garantem que todos os dados dos utilizadores – tenham ou não assumido que estão infetados – se mantêm anónimos.
“No caso de uma pessoa que não contraia a doença e que não tenha contacto com nenhum infetado, a única interação que terá com a app será a instalação da mesma no seu smartphone. Mas esta aplicação será tanto mais eficaz quanto maior for o número de utilizadores”, sublinha em comunicado José Manuel Mendonça, presidente do INESC TEC e professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
Além do respeito pela legislação nacional de proteção de dados, os mentores da app Stayaway lembram que são os utilizadores que decidem se voluntariamente querem ou não participar nesta ferramenta de rastreio.
A Stayaway tem por base a recolha de dados identificadores que os telemóveis enviam para as redes sempre que os utilizadores se deslocam no dia-a-dia. A ideia dos investigadores portuenses é armazenar esses dados para criar repositórios de dados devidamente anonimizados e de âmbito local que permitem alertar uma pessoa para o facto de ter estado na proximidade de alguém que se assumiu como infetado, ainda que sem ter sido necessário identificar qualquer uma das pessoas envolvidas no processo.
“Uma pessoa confirmada como infetada com COVID-19 poderá publicar online, com a legitimação das autoridades de saúde, os seus identificadores anónimos que partilhou nos últimos 14 dias. Com esta informação pública, a aplicação de cada pessoa pode facilmente avaliar autonomamente se nos dias anteriores esteve próximo da pessoa infetada”, explica o comunicado do INESC TEC.
Com esta solução, os investigadores da Universidade do Porto acreditam ter criado uma solução que permite fazer o rastreio e, em simultâneo, respeita as leis de proteção de dados. O facto de o Governo já ter admitido poder avançar com tecnologia de rastreio de utilizadores através de redes móveis e a participação de diferentes organismos públicos levam a crer que a ferramenta poderá mesmo ser disponibilizada durante a fase de reabertura pós-confinamento social, apesar de alguns alertas de juristas que lembraram que o rastreio de pessoas pelas redes móveis poderá não respeitar direitos individuais previsto pela Constituição.