Uma equipa do Instituto Nacional de Saúde, de Princeton, e da Universidade da Califórnia expôs vários materiais ao vírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19 para averiguar quanto tempo as superfícies permanecem virulentas depois do contacto. Em cartão, o vírus resistiu 24 horas; chegou a durar dois a três dias em plástico e em alumínio; e sob a forma de aerossol durou cerca de três horas. Estas durações não diferem da estabilidade apresentada pela SARS, variante do coronavírus que originou um surto no início dos anos 2000.
Os cientistas alertam que o estudo em laboratório não reflete necessariamente as condições que se encontram na vida real, com vários locais a serem limpos e desinfetados com regularidade para combater a epidemia. Outro alerta dado é que o facto de se ter detetado uma durabilidade de três horas no ar não significa que o ar à volta de um infetado seja contagioso durante três horas. “Isto não é uma evidência de uma transmissão aerossol”, alertou Neeltje van Doremalen, co-autora do estudo.
Por outro lado, Joseph Allen, professor de Harvard e que não esteve envolvido no estudo, recomenda que se faça uma abordagem global e que se adotem medidas de precaução para os dois cenários: quer as partículas sejam transmitidas por via aérea, quer o sejam através de gotículas expelidas através da tosse ou de espirros de pessoas infetadas. Assegurar um fluxo de ar fresco e manter uma boa ventilação são formas de prevenção recomendas por este académico, noticia a Wired.
Oficialmente, as autoridades dos EUA explicaram que as superfícies contaminadas representam um vetor menos importante de transmissão do que o contacto entre duas pessoas. Dylan Morris, investigador de Princeton, defende que a rápida expansão do novo coronavírus mostra que há mais dinâmicas adicionais em curso.
Os cientistas vão continuar a trabalhar para analisar como as condições ambientais, como a temperatura e a humidade, afetam a capacidade de o vírus se manter ativo. Outra questão a ser analisada ainda é se a Covid-19 terá uma progressão mais lenta durante os meses mais quentes, como acontece com as constipações normais.
Morris revela que “não há atualmente evidências de que o público em geral precise de estar preocupado com a transmissão por aerossois, mas é plausível que existam riscos em locais específicos de hospitais”. O especialista refere-se a estudos feitos em Wuhan, onde se concluiu que o ar dentro da instalação estava limpo, mas que se encontraram concentrações mais elevadas do vírus nas zonas comuns para o staff, onde os médicos e enfermeiras trocavam de roupa, por exemplo.
As recomendações de segurança mantêm-se: afastar-se de multidões, ficar em casa e lavar as mãos com frequência.