Os responsáveis máximos da Agência Espacial Europeia (ESA) e da agência espacial da Rússia (Roscosmos) concordaram esta quinta-feira em adiar o lançamento da missão espacial ExoMars para 2022. Em comunicado conjunto, as duas agências espaciais confirmam que os efeitos produzidos pelo novo Coronavirus inviabilizaram o cumprimento do calendário previsto para a fase final de preparativos, e em consequência o lançamento da sonda, originalmente agendado para julho de 2020. A nova data prevê que o lançamento da ExoMars se faça entre agosto e outubro de 2022.
“Ambas as partes reconhecem que a fase final das atividades da ExoMars ficaram comprometidas pelo agravamento geral da situação epidemiológica nos países europeus”, refere o comunicado conjunto da ESA e da Roscosmos.
A escolha da nova data teve em conta o facto de que as órbitas e respetivos posicionamentos de Marte e Terra restringem o período de lançamento de missões espaciais que partem da Terra em direção a Marte a períodos de 10 dias que só ocorrem de dois em dois anos.
O adiamento do lançamento da ExoMars foi decidido após reunião entre Jan Wörner, diretor geral da ESA, e Dmitry Rogozin, líder da Roscosmos.
Os responsáveis das duas agências espaciais informam que tomaram esta decisão depois de tomarem conhecimento das opiniões fornecidas pelos inspetores gerais das duas agências espaciais. Os próprios especialistas envolvidos no desenvolvimento da ExoMars terão concluído que era necessário mais tempo para testar os diferentes componentes antes de levar a cabo o lançamento da ExoMars.
“Queremos ter a certeza a 100% de que esta será uma missão bem-sucedida. Não podemos permitir-nos nenhuma margem de erro. Mais atividades de verificação deverão assegurar uma viagem segura e os melhores resultados”, reiterou Jan Wörner, citado pelo comunicado conjunto das duas agências espaciais.
À decisão de adiamento do lançamento da ExoMars não será alheio o desfecho menos feliz da primeira missão, que logrou lançar um orbitador em torno do “planeta vermelho”, mas que acabou por fracassar no que toca à aterragem de uma sonda no solo marciano (a sonda despenhou-se violentamente no solo).
Entre os principais objetivos da ExoMars destaca-se a busca e deteção de água em Marte. “ A ExoMars será a primeira missão que vai à procura de sinais de vida em profundidades a mais de dois metros abaixo da superfície marciana, onde as assinaturas biológicas de vida deverão estar preservadas de uma forma considerada única”, refere o comunicado relativo ao adiamento da missão.
ESA e Roscosmos garantem já ter integrado todos os componentes necessários para a viagem espacial – e até o rover Rosalind Franklin, que deverá explorar a superfície de Marte com novo instrumentos científicos a bordo, já havia passado com sucesso os testes térmicos e em vácuo.
A plataforma de aterragem que é conhecida por Kazachok também já se encontra completamente equipada com 13 equipamentos científicos. Também os sistemas de paraquedas dinâmicos já começaram a ser testados – prevendo-se que a última vaga de testes, que envolve os paraquedas principais possa ser realizada ainda em março, nos EUA. O módulo que deverá descer até Marte também já foi alvo de testes em França, no passado mês.