Um grupo de astrónomos americanos e europeus criaram um modelo tridimensional da Via Láctea tendo por base a distância entre estrelas, que pretende funcionar como mapa de referência da galáxia em que alberga o sistema solar. A investigação resultou de um estudo conjunto conduzido pela Universidade de Varsóvia e pelo Observatório de Las Campanas, no Chile, e foi publicada na Science esta quinta-feira. Tem como foco estudar um grupo de estrelas jovens gigantes que irradiam mais luz que o Sol, que dão pelo de cefeidas.
Com informação obtida através do Optical Gravitational Lensing Experiment (OGLE, na sigla em inglês), um projeto de longa duração na área da astronomia, cujo objetivo é a procura de matéria negra através do efeito de lente gravitacional, os astrónomos conseguiram identificar um total de 2431 cefeidas para construir o mapa da Via Láctea.
A Cnet conta que Dorota Skowron, autora do estudo, explicou que o projeto OGLE observou o disco galático da Via Láctea, ao longo de seis anos, durante os quais recolheu cerca de 206.726 imagens que abrangeram mais de mil milhões de estrelas.
Assim que encontraram as cefeidas, os astrónomos puderam comparar o nível de brilho real das estrelas com o brilho que conseguimos ver delas, a partir da Terra. Com este método foi possível calcular a distância real a que as cefeidas se encontram do Sol.
Usando esta flutuação a equipa ficou com as ferramentas necessárias para construir o modelo 3D da galáxia e determinar as idades das diferentes cefeidas. Repararam ainda que as estrelas mais recentes se encontram no centro do disco galático, enquanto as mais velhas têm tendência a localizar-se nas extremidades.
Ao simularem a formação de estrelas numa Via Láctea “mais jovem”, a equipa de investigadores conseguiu estudar como a galáxia evoluiu ao longo dos últimos 175 milhões de anos, com as explosões resultantes da formação de novas estrelas. Em último caso, este fenómeno foi responsável pela distribuição atual das cefeidas, cujas idades variam entre os 20 e os 260 milhões de anos.
«Esperamos que a nossa investigação seja um ponto de arranque para a criação de modelos mais sofisticados do passado da galáxia», disse Skowron à Cnet. «As nossas cefeidas são uma boa amostra para criar modelos fiáveis», concluiu.