M-Bot e Scratchy falam com humanos, distinguem pessoas, conhecem todos os cantos de uma casa e estão aptos a descobrir e transportar objetos depois de receberem uma ordem. Hoje, podem parecer protótipos desajeitados e anacrónicos, mas os dois assistentes robóticos que competiram num dos torneios organizados pela Liga Robótica Europeia (ERL) são provavelmente dois dos espécimes mais inteligentes de uma nova geração de melhores amigos dos humanos, que um dia acabarão por chegar a muitas casas desse mundo fora.
O M-Bot é um robô desenhado e apetrechado pela equipa SocRob, do Instituto de Sistemas e Robótica de Lisboa (ISR-L), enquanto o Scratchy é um protótipo criado pela equipa Homer, da Universidade de Koblenz-Landau, da Alemanha. As duas equipas disputaram a edição de 2018/2019 da ERL, executando com mais ou menos mestria desafios em diferentes cenários domésticos dispersos por laboratórios de várias universidades.
A equipa alemã acabou por vencer a edição de 2018-2019, superando, num figurino de competição que faz lembrar algumas competições de futebol, oito concorrentes nas várias provas realizadas em diferentes cidades europeias. A SocRob não ganhou a competição geral – mas conseguiu vencer alguns dos principais desafios.
As expectativas quanto ao dia em que os assistentes robóticos se tornarão banais são grandes, mas não têm uma data definida para se concretizar. Pedro Lima, investigador do Instituto de Sistemas e Robótica de Lisboa (ISR-L) e professor no Instituto Superior Técnico, recorda que já começaram a circular os primeiros autómatos em hotéis, hospitais, mas também admite que no ambiente doméstico ainda há muito para fazer: «Vamos ter de esperar até termos robôs de forma massiva em ambiente doméstico… para já, o que há são os aspiradores robóticos e pouco mais».
Entre os participantes na ERL, a prioridade está centrada na exequibilidade técnica ou no desenvolvimento de funcionalidades, «que podem não ser totalmente fiáveis», explica o investigador do ISR-L. «Uma empresa que queira produzir e vender este tipo de robôs terá de fazer muitos testes e tentar fazer algum tipo de certificação antes de lançar um produto».
Do ponto de vista técnico, Pedro Lima aponta como principal desafio o desenvolvimento de robôs que ajudam humanos em ambientes: «a perceção é, geralmente, o elo mais fraco. Podemos colocar muito sensores num robô, mas isso também produz efeitos ao nível dos custos», conclui Pedro Lima.
Veja no vídeo integrado neste texto algumas das habilidades dos robôs do ISR-L e da Universidade de Koblenz-Landau durante provas realizadas em Lisboa durante fevereiro.