Em 1976, as sondas Viking tocaram o solo de Marte e recolheram amostras que aqueceram para realizar alguns testes e verificar se existiam evidências da presença dos blocos que dão origem à vida, o que não se verificou.
Agora, a Curiosity recolheu também amostras do solo e confirmou a presença destas importantes moléculas em Marte – as tais que estão no fundamento da vida. Uma equipa de cientistas decidiu ir rever o trabalho realizado há mais de 40 anos e avançou, no Journal of Geophysical Research, que não se encontraram vestígios antes porque estes teriam sido destruídos no processo de aquecimento. Daí começaram a surgir notícias de que a NASA teria encontrado provas de vida em Marte e as teria destruído acidentalmente, esclarece a Cnet.
Chris McKay, um dos autores do estudo, está incrédulo com a confusão que parece ter sido criada a partir do seu trabalho: «Por exemplo, vemos organismos em meteoritos e isso não é prova de vida. Não consigo perceber como é que o erro se propagou. Não foi por causa do nosso estudo, certamente», defende o investigador. A verdade é que muitas das notícias fazem um bom trabalho a diferenciar vestígios de vida e vestígios dos blocos que dão origem à vida. Quimicamente falando, onde há vida há moléculas orgânicas, mas nem sempre onde há moléculas orgânicas há vida.
Gilbert Levin, o investigador principal da missão que levou as Viking a Marte, defendeu durante bastante tempo que uma das experiências encontrou vestígios de micróbios no planeta vermelho. No entanto, «a falta de organismos no teste GCMS tornou impossível aos cientistas imaginar que havia vida ali», refere Melissa Guzman, outra autora do estudo mais recente.
Em conclusão, a verdadeira história não é que a NASA tenha encontrado vestígios de vida e depois os destruído, mas sim que pode ter queimado eventualmente vestígios dos blocos que podem dar origem à vida.
Os investigadores esperam conseguir mais pormenores e perceber melhor a realidade em Marte com a ExoMars 2020, missão que está prevista arrancar já no próximo ano e que vai percorrer o solo marciano em busca de evidências de vida.