Foi no passado domingo que as equipas que levaram a cabo o trabalho de vistoria por radar do túmulo de Tutankhamon emitiram uma declaração que nega a existência de quaisquer portas ou espaços ocultos nas paredes daquele que é, até hoje, o único túmulo de um faraó egípcio encontrado intacto pelos arqueólogos.
«Concluímos, com um grande nível de certeza, que a tecnologia de radar (de penetração de paredes e chão) não suporta a hipótese que avançava a possível existência de câmaras ocultas adjacentes ao túmulo de Tutankhamon», referiu Franco Porcelli da Universidade Politécnica de Turim. O líder das equipas que levaram a cabo o estudo é citado pela National Geographic durante a conferência realizada este fim de semana no Museu do Cairo, no Egito.
A investigação envolveu três equipas: uma da já referida universidade italiana e outras duas de empresas privadas, a Geostudi Astier e a 3DGeoimaging. As equipas usaram as mais tecnologias de radar (e diferentes frequências) de paredes e chão para perscrutar toda a área do túmulo e não encontraram qualquer tipo de espaços ocultos ou paredes até uma profundidade de 4 metros. As equipas ficaram uma semana no local efetuando várias medições e cruzando os resultados entre si. No total, varreram o equivalente a 2,5 quilómetros de área. A investigação atribui os resultados anteriores a possíveis “sinais fantasma” – reflexões de radar que existem em frente das paredes e não atrás.
A teoria de que existiam câmaras ocultas no túmulo do faraó egípcio mais conhecido do público em geral foi avançada em 2015 pelo arqueólogo Nicholas Reeves que acreditava na existência de outro túmulo naquele espaço. Um túmulo que, avançava o egiptólogo, pertenceria à rainha Nefertiti – a mãe de Tutankhamon e mulher de Aquenáton, o faraó responsável por criar aquela que foi a primeira religião monoteísta de que há registo.
A hipótese de Reever ganhou mais consistência quando uma análise de radar feita por um especialista nessa tecnologia, Hirokatsu Watanabe, detetou sinais que indiciavam a existência de portas ocultas nas paredes norte e sul do túmulo com 3300 anos.
Com os resultados desta investigação, os arqueólogos vão continuar a busca pelo túmulo de Nefertiti, a rainha que tem o seu desaparecimento envolto em algum mistério e que hoje todos recordam devido ao impressionante busto recuperado em escavações e em exposição no Museu Egípcio de Berlim – e que grande disputa tem provocado entre o Egito e a Alemanha com o primeiro país a exigir ao segundo a devolução de uma das mais belas peças arqueológicas da humanidade.