O projeto dá pelo nome de “Smart Pedestrian Net – Smart Cities are Walkable” e não é por acaso que tem um nome inglês: a iniciativa junta a Universidade do Minho, a Universidade de Bolonha, a Universidade de Chipre, e a Associação para o Desenvolvimento Sustentável e Inovador em Economia, Ambiente e Sociedade, da Áustria, e mereceu um investimento de um milhão de euros de um dos programas da Comissão Europeia. O objetivo descreve-se numa única frase: desenvolver, até 2020, ferramentas de navegação para peões que também podem ser usadas pelas entidades que gerem um espaço urbano. Porto e Bolonha vão ser os primeiros laboratório vivos deste projeto.
«Se as cidades querem promover as deslocações a pé, então têm de fornecer ferramentas para isso. Há o objetivo tornar o espaço urbano mais legível numa app que proporcione mais deslocações a pé», explica Rui Ramos, professor no Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho e um dos promotores deste projeto europeu.
No mercado já é possível encontrar sistemas de navegação para quem pretende andar a pé, mas Rui Ramos recorda que ferramentas como os mapas do Google tendem a limitar-se a apresentar os caminhos mais curtos para ir de um local a outro e descuram muitos atrativos que até podem ser tão ou mais importantes para convencer alguém a andar a pé. Espaços verdes, monumentos, serviços públicos ou lojas podem funcionar como elementos que ajudam a enriquecer percursos a fazer dentro de uma cidade, lembra o especialista em ordenamento do território: «As próprias atividades económicas podem ser potenciadas por haver mais utilizadores a circular nas respetivas áreas de influência. Mas para isso acontecer é necessária informação».
Mais do que um serviço, a futura aplicação terá em vista criar as ferramentas necessárias para recolocar a deslocação a pé num lugar de destaque, que consiga influenciar as políticas de gestão de urbanismo. Rui Ramos acredita que é uma nova utilização da cidade que poderá sair potenciada com o lançamento de uma nova ferramenta de navegação, recorda Rui Ramos: «Tenho 50 anos e conheci o Porto de uma forma totalmente diferente (daquela que é mais comum atualmente), porque andava muito mais a pé».