A cada ano que passa, o glaciar Morteratsch, nos Alpes suíços, perde 35 metros de gelo. Para o turismo e para as estâncias de esqui, os dados não são propriamente animadores… a menos que a neve artificial consiga estancar a fase de derretimento com que o glaciar se depara atualmente.
De acordo com a Popular Science, as autoridades locais solicitaram a intervenção de uma equipa de especialistas suíços e holandeses para resolver a diminuição do tamanho do glaciar. A solução encontrada está atualmente em testes noutro glaciar de menores dimensões que dá pelo nome de Diavolezzafirn.
Em experiências levadas a cabo nos últimos anos, investigadores da Academia Engiadina conseguiram fazer com que o Diavolezzafirn crescesse cerca de oito metros. Para conseguirem alcançar esse pequeno crescimento, os investigadores recorreram a neve artificial, que se distingue pelas propriedades de isolamento, reflete os raios do Sol.
Depois deste primeiro teste bem-sucedido, os mesmos investigadores foram mais à frente com a deposição de uma camada com a espessura de 2,5 metros nos 120,7 quilómetros quadrados que constituem o Diavolezzafirn. No final de maio deverá ser depositada no glaciar uma nova camada com 1,5 metros de espessura.
Os investigadores acreditam que esta experiência num glaciar mais pequeno, caso seja bem sucedida, possa vir a ser aplicada igualmente no Morteratsch, aplicando uma camada de quatro metros de espessura numa área total de cerca de 16 quilómetros quadrados. Mas o teste mais exigente ainda terá de ser superado, como recorda Felix Keller, que está a liderar este projeto: «Prevemos que, com uma camada de quatro metros de neve conseguiremos cobrir o glaciar durante todo o verão. Se tivermos sucesso, acreditamos que esta solução poderá funcionar como proteção de glaciares maiores que estão a derreter».
O projeto deverá implicar o recurso a várias máquinas que produzem neve artificial. De acordo com as estimativas dos responsáveis do projeto a criação da nova cobertura do Morteratsch poderá exigir um consumo que deverá oscilar entre os seis e os oito milhões de metros quadrados de água por segundo. Os investigadores admitem poder vir a aproveitar a água resultante do derretimento de glaciares vizinhos. Um último pormenor ajuda a confirmar a ousadia do projeto: as máquinas de produção de neve artificial deverão funcionar com painéis fotovoltaicos.