
O estudo realizado por Jeffrey Mogil, investigador da Universidade de McGill, detetou que os ratos machos processam a dor de forma diferente do que as fêmeas. O primeiro impacto será diretamente sentido na comunidade científica, uma vez que as cobaias usadas são machos, na maior parte das vezes. Por outro lado, os medicamentos e tratamentos para a dor crónica poderão ser melhor adaptados ao paciente, conforme o seu género, de forma a serem mais eficientes, concluem os investigadores.
Só nos EUA, mais de cem milhões de pessoas sofrem de dor crónica, um mal mais comum do que os problemas de coração, cancro e diabetes juntos.
Os investigadores focaram o estudo na microglia, um tipo de célula imune que é encontrado na espinal medula e no cérebro e que desempenha uma espécie de controlo de volume para a dor. A equipa dedicou-se a perceber se a microglia tinha o mesmo efeito em homens e em mulheres. Para o teste, usaram-se ratos com hipersensibilidade para a dor e foi-lhes administrada uma dose de drogas destinadas a bloquear a microglia, fazendo com que não sentissem a dor. Só os ratos machos tiveram o efeito desejado, enquanto nas fêmeas a microglia fez-se sentir, tal como as dores.
Os cientistas acreditam que as fêmeas usam outras células imunes, as T cell, para processar a dor. Quando removeram estas células, as cobaias passaram a usar o sistema de dor da microglia. No entanto, ainda não há conclusões definitivas sobre a aplicação das T Cell, nem sobre como é que funcionam concretamente no que diz respeito à dor.
Uma vez que grande parte dos ratos cobaia presentes nos ensaios clínicos são machos, este estudo irá conduzir a uma alteração de procedimentos, de forma a que sejam usados ratos fêmea e que deem origem a medicamentos mais personalizados para cada género.