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O projeto Seed, desenvolvido em parceria por investigadores das Universidades do Porto e do Minho, foi escolhido entre 35 projetos universitários para o envio de uma carga experimental para Marte, durante a missão Mars One que tem descolagem agendada para 2018. O projeto Seed, que prevê o desenvolvimento de um pequeno contentor capaz de suportar o crescimento de vegetais em condições inóspitas, foi escolhido mediante o voto da comunidade da Internet.
Além do potencial científico e do pioneirismo, o envio de plantas para Marte pode ajudar analisar a viabilidade de uma cultura de vegetais que poderão suportar os primeiros colonos humanos, que o programa Mars One pretende enviar por volta de 2023.
O projeto Seed pretende enviar um contentor com várias divisórias que deverão conter substrato e sementes de uma planta conhecida por Arabeta, Arabidopse-do-tale ou Erva-estrelada – e que tem a denominação científica de Arabidopsis thaliana. O contentor, desenhado de acordo com os princípios do biólogo John Kiss, deverá estar apto a proteger as plantas da elevada amplitude térmica e também a suportar um processo de fotossíntese artificial.
Na página de apresentação do projeto, os investigadores do projeto Seed, revelam alguns dos desafios relacionados com o envio desta míni-estufa para Marte: «Este equipamento já foi usado na Estação Espacial Internacional (ISS) e os resultados dessas experiências já foram publicados. Contudo, ao contrário do que sucede com a ISS – em que há um controlo da temperatura local – as temperaturas de Marte são baixas e instáveis. Acreditamos que a energia disponível deverá ser suficiente para manter a temperatura adequada para o crescimento da planta. Se esta assunção estiver correta, iremos usar rebentos de Arabidopsis thaliana, uma das plantas mais usadas em experiências laboratoriais. Em alternativa, podemos vir a optar por plantas que resistem a temperaturas extremamente baixas, como os líquenes e os musgos. Todas as sementes farão a viagem congeladas e serão descongeladas antes de dar início à experiência», refere a página do projeto Seed na secção de comunidade do programa Mars One.
«A votação nas redes sociais valia cerca de 40%; sendo que a votação da Comunidade Mars One (investidores e candidatos a colonos) valia 60%. Quanto à votação da Comunidade Mars One não sabíamos de nada. Nas redes sociais, contámos os “likes” no Facebook e Google+ pouco antes de acabar a votação e verificámos que tínhamos o dobro do segundo projeto mais votado… mas não podíamos dizer que iríamos ganhar, porque não sabíamos como se tinha passado a votação da comunidade Mars One», explica Daniel Carvalho, quando questionado pela Exame Informática.
O jovem estudante de bioengenharia acredita que a equipa de investigadores tem todos os conhecimentos necessários para construir a míni-estufa que vai para Marte, mas admite que possam vir a ser integrados novos membros, caso seja necessário garantir o domínio de áreas que os jovens nortenhos não conhecem. Além de Jacubus Van Loon e Miguel Valbuena, cientistas que têm no currículo o envio de plantas para o Espaço, o projeto Seed já garantiu o apoio do Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), do Instituto de Biologia Molecular e Celular e de empresas como a Aralab e a HPS. O apoio de todas estas entidades poderá revelar-se especialmente útil para a aquisição de materiais e equipamentos mais dispendiosos para o fabrico da míni-estufa que deverá ser enviada para Marte.
O Mars One é um projeto liderado por um empresário holandês, que pretende financiar a instalação da primeira colónia humana em Marte através de um reality show transmitido na TV. A ida do primeiro grupo de colonos para Marte, que é descrita por alguns especialistas como uma viagem de não retorno, está prevista para depois de 2023.