«As tecnologias evoluem mais rapidamente que os programas de financiamento e por isso optámos por lançar uma campanha de crowdfunding». As palavras são Gonçalo Vieira, coordenador do Programa Polar Português (PPP), em vésperas de alcançar duas datas importantes: durante fevereiro, começam a partir os primeiros investigadores do PPP rumo à Antártida para mais uma vaga de estudo de uma região dominada pelo permafrost; mas antes dessa data deverá terminar a campanha de angariação de fundos que o mesmo PPP lançou no site PPL, com o objetivo de comprar um novo drone que facilitará a recolha de dados topográficos para o mapeamento 3D da parte ocidental da Península Antártica.
Atualmente, faltam 5000 euros para completar os 20 mil euros necessários para a compra do tão desejado drone EBEE. Caso não consigam a verba necessária, os responsáveis do PPP terão de devolver o dinheiro angariado. Consoante o volume dos donativos, os internautas ganham o direito a brindes ou cursos organizados em determinados pontos do País
«Já temos alguma experiência a trabalhar com drones, mas precisamos de um novo modelo com maior autonomia, e que possa ser usado para voar sobre as seis estações que temos dispersas numa área de cerca de 500 quilómetros», explica Gonçalo Vieira.
Os responsáveis do PPP já identificaram o modelo a comprar: é um EBEE, desenvolvido pela SenseFly, que tem uma autonomia de voo de cerca de 45 minutos, e está equipado para tirar fotografias aéreas (e corrigir deformações da lente) que poderão ser usadas para criar modelos tridimensionais com uma precisão de 10 centímetros.
«Com este drone, já conseguimos criar um mapa inclui variáveis como o relevo, a altitude, a exposição solar. Esse mapa permitirá ter uma ideia da distribuição do permafrost e ter informação sobre a expansão das espécies vegetais», refere Gonçalo Vieira. O coordenador do PPP recorda ainda que o drone também poderá revelar-se útil no estudo da evolução histórica da expansão do permafrost (que pode ser descrita de forma simplificada como a congelação do subsolo),
Por ano, o PPP envia para Antártida 15 a 20 investigadores. Há cerca de 14 anos que o PPP tem vindo a estudar os polos. As visitas são quase sempre feitas sempre no verão, para evitar as neves que costumam cobrir a permafrost nos restantes meses do ano. Depois da Antártida, os investigadores portugueses deverão seguir para o Ártico, em julho.
Na Antártida, o estudo do permafrost tem por base os dados recolhidos por seis estações, cuja perfurações permitem apurar as condições em que se encontra o subsolo.
Excetuando o mapa da Península Antártica e a foto do drone EBEE, as imagens publicadas nesta página são da autoria de investigadores do PPP.