Pinar Oguz Ekim fechou a passagem por Portugal com dupla chave de ouro: terminou o doutoramento no Deparamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no Instituto Superior Técnico, e na sequência dessa investigação ganhou a 23ª edição do Prémio Científico IBM, com o trabalho intitulado “Algoritmos robustos de localização em redes de sensores com aplicações a seguimento”.
No trabalho premiado, a investigadora turca testa vários cenários com um tecnologia que permite localizar objetos ou seres vivos em movimento, através de sensores que recorrem à tecnologia Crickett. A escolha desta tecnologia, que faz medições de distâncias através de sinais acústicos e de rádio, permitiu cumprir os objetivos no que toca à precisão e aos custos: «Os sensores com que trabalhámos têm custos baixos; usámos sempre tecnologias baratas e simples; e os algoritmos também foram criados para serem fáceis de usar», explica Pinar Oguz Ekim, depois de receber, esta manhã, o prémio de 15 mil euros das mãos do ministro da Educação Nuno Crato, do presidente da IBM António Raposo de Lima e do presidente do Instituto das Telecomunicações Carlos Salema..
Pinar Oguz Ekim deu a conhecer, na sessão de entrega de prémio, um cenário com um formato de quadrado com quatro metros de aresta, que tinha um sistema de localização assegurado por oito sensores Crickett: quatro colocados num plano inferior e outros quatro posicionados a um nível superior. Através destes sensores, do desenvolvimento dos algoritmos necessários e de um computador que gere e processa os diferentes sinais, a investigadora do Técnico ficou em condições de apurar as diferentes localizações de um robô, enquanto se desloca. A margem de erro é inferior a quatro centímetros.
A solução pode revelar-se especialmente útil para localizar pessoas, animais ou objetos dentro de casas, escritórios ou armazéns. Pinar Oguz Ekim recorda que a tecnologia também pode ter potencial para o desenvolvimento de soluções antirroubo em lojas ou outros espaços que guardam objetos de valor, bem como ferramentas para a localização de socorristas e bombeiros em cenários de catástrofe. A tecnologia está apta a ser usada em cenários submarinos ou subterrâneos.
Apesar do potencial comercial e tecnológico, Pinar Oguz Ekim diz não ter o objetivo de criar qualquer empresa – e nem sequer prevê patentear a solução. A tecnologia já despertou o interesse dos laboratórios da IBM em Zurique, que poderão vir a testar o potencial tecnológico da localização por sensores Crickett nos próximos tempos.
A investigadora turca lembra que a tecnologia de sensores pode ser usada a título de complemento de sistemas de localização como o GPS ou apenas como um serviço isolado sem ligação a qualquer outro sistema de localização. «No limite, acaba com a dependência do GPS. Além disso, tem a vantagem de fazer a localização dentro de espaços fechados, que o GPS não permite», acrescenta Pinar Oguz Ekim.
João Pedro Oliveira, professor do Instituto Superior Técnico e um dos orientadores da tese de doutoramento de Pinar Oguz Ekim, recorda que a solução agora premiada também pode dar um contributo a um novo paradigma de localização baseada na interação entre vários agentes: «Também pode ser útil no exterior. Um exemplo: fala-se tanto de carros que são guiados de forma autónoma… nesses casos já não será possível tolerar os dois ou três metros de margem de erro do GPS e um sistema com esta tecnologia permitiria localizar obstáculos ou outros automóveis que estão à volta, com uma margem de erro reduzida».