Os sistemas binários de buracos negros, compostos por dois corpos em que um é um buraco negro, são bastante comuns e podem até terminar com este a engolir a estrela na sua órbita. Agora, uma equipa do MIT e da Caltech detetou um sistema que é composto por três corpos que orbitam em torno uns dos outros. Um é um buraco negro e os dois são estrelas, numa configuração inédita.
Kevin Burge, coautor do estudo, descreve que “este sistema é superexcitante para a evolução dos buracos negros e levanta questões sobre se existem mais triplas lá fora”, cita o Gizmodo.
Os investigadores detalham que o sistema V404 Cygni contém um buraco negro com nove vezes a massa do Sol. Este sistema foi detetado em 1992 e tem vindo a ser alvo de estudos intensivos desde então. A NASA, em 2022, ‘transformou’ os ecos das luzes do buraco negro em sons, permitindo ‘ouvir’ o buraco e oferecendo aos cientistas uma forma de caracterizar os ambientes intensos em torno destes.
Desde sempre se pensou que o V404 Cygni era um sistema binário com a estrela a vir perdendo material para o buraco negro, mas agora descobriu-se que há uma segunda estrela, mais distante, mas sem dúvida parte do sistema. A estrela interior orbita o buraco negro numa semana e a estrela mais distante fá-lo em 70 mil anos (3,64 milhões de semanas). A estrela exterior está a 3500 unidades astronómicas (uma UA é a distância da Terra ao Sol) do buraco negro. O comunicado do MIT detalha que a distância da estrela exterior para o buraco equivale a 100 vezes a distância de Plutão e o Sol.
A origem deste sistema de três corpos também está envolvida em mistério para já: uma supernova habitual não serve de explicação e Burdge adianta que “a grande maioria das simulações mostra que a forma mais fácil de surgir esta tripla é através de colapso direto”. O colapso direto acontece quando uma estrela colapsa sem uma explosão estrelar brilhante e sem emitir energia para o espaço.
A equipa estima que este sistema tenha quatro mil milhões de anos, menos que os 4,6 mil milhões de anos da Terra.