Pelas 08h30 da manhã do dia 4 de fevereiro, o cosmonauta Oleg Kononenko bateu o recorde de permanência no espaço, ao registar mais de 878 dias a bordo da Estação Espacial Internacional, ao longo de múltiplas missões desde 2008. Este feito tira o recorde a outro cosmonauta Gennady Padalka, que passou 878 dias, 11 horas, 29 minutos e 48 segundos no espaço, entre 1998 e 2015.
Kononenko está agora na sua quinta missão, que decorre de setembro de 2023 a setembro de 2024. Se tudo correr como planeado, quando regressar à Terra, terá passado mais de 1110 dias no espaço, o equivalente a mais de três anos.
À agência noticiosa russa TASS, Kononenko afirma que está “orgulhoso dos [seus] feitos, mas mais orgulhoso que o recorde da permanência total de um humano no espaço continue a ser detido por um cosmonauta russo”.
O feito é impressionante, especialmente se se tiver em consideração os efeitos que as permanências longas no espaço têm no corpo humano, como a perda da densidade óssea e a atrofia muscular. O ser humano perde 1 a 1,5% da densidade óssea mineral em áreas como os membros inferiores ou a coluna por cada mês no espaço. E mesmo com as duas horas de exercício diário a bordo da Estação, a perda de músculos é inevitável.
Além do impacto físico e do tempo necessário para a recuperação na Terra, as missões no espaço, com o isolamento a que obrigam, têm também um impacto emocional. Kononenko explica que “não me sinto privado ou isolado. É só quando regresso a casa que me apercebo que, nos centenas de dias em que estive fora, as crianças cresceram sem o pai. É tempo que nunca mais vou recuperar”.
Na sequência da invasão russa da Ucrânia e o avolumar de tensões entre Moscovo e Washington, a Rússia anunciou que iria afastar-se da iniciativa da Estação Espacial Internacional no fim de 2024 e construir a sua própria versão. A própria Estação já tem um fim previsto, marcado para o final de 2030.