O Amaterasu é o maior UHECR, de ultra-high-energy cosmic ray, de que há registo desde 1991. Este raio de energia tem 244 EeV e fica abaixo da partícula Oh-My-God, com 320 EeV vista em há mais de 30 anos e deve o seu nome à deusa que se diz ter criado o Japão.
Tecnicamente, os raios de energia cósmica são constituídos por núcleos atómicos feitos de protões ou conjuntos de protões e neutrões, com a maior parte a ter origem no nosso Sol, mas outros a surgirem de fora do Sistema Solar. Quando passam a atmosfera terrestre, desfazem-se em jatos de outras partículas, umas com cargas positivas e outras negativas.
Os raios cósmicos foram detetados pela primeira vez em 1921 pelo físico austríaco Victor Hess, surgem com energias variáveis, sendo os mais comuns os que têm baixos índices de energia. Há um limite teórico proposto em 1965, de que não devem existir raios com mais de 50 EeE vindos de mais de 300 milhões de anos luz da Terra, uma vez a radiação de fundo cósmica em micro-onda, ainda remanescente do Big Brother, destruiria os raios acima destes valores. No entanto, a descoberta do Oh-My-God, em 1991, contrariou esta teoria. Apesar de terem sido detetados muitos outros UHECR desde então, nunca se bateram os níveis de energia deste raio, lembra o ArsTechnica.
O Telescope Array, do deserto do Utah, que permitiu esta descoberta, é constituído por 500 detetores à superfície, organizados numa grelha ao longo de mais de 700 quilómetros quadrados, nos EUA. Este sistema já detetou mais de 30 raios cósmicos de elevada energia. Apesar de o Amaterasu ter sido detetado em maio de 2021, os investigadores preferiram continuar a monitorização e recolher mais evidências, esperando até ao outono passado para fazer a revelação. Quanto à origem, os investigadores creem que o Amaterasu provém de uma área vazia do espaço conhecida por Local Void, na fronteira da Via Látea.