O SwitchDev é um curso de reconversão profissional, criado pela associação Porto TechHub em parceria com o Instituto de Engenharia do Porto (ISEP), e vai este ano para a oitava edição. Apelidado como um projeto que surgiu para dar resposta à necessidade das empresas no recrutamento tecnológico, o curso promete ensinar programação aos alunos, mesmo aos que não têm qualquer conhecimento dessa área, de modo a que fiquem aptos para no final da formação intensiva ingressar no mercado de trabalho. As inscrições abriram no dia 7 de maio e existem trinta vagas disponíveis para a próxima edição.
Joana Linhas, vice-presidente da Porto TechHub, revelou, em entrevista por telefone à Exame Informática, que já foram formados “cerca de 350 alunos nestes últimos anos, e apenas o ano passado é que tivemos dificuldades em colocá-los, porque o mercado se retraiu um bocadinho, mas desde a primeira edição temos colocado todos”. “Mais de 90 por cento têm emprego depois do curso”, adiantou ainda a porta-voz do projeto.
Numa era em que tanto se fala da Inteligência Artificial (IA) e no impacto que esta tecnologia pode vir a ter no mundo tecnológico, quando questionada se ainda faz sentido reconverter pessoas de outras áreas para a programação sabendo que a IA está cada vez mais capacitada para essa função, a resposta da responsável do SwitchDev foi clara: “A Inteligência Artificial não se vai processar de forma isolada, tem de ser trabalhada e ainda bem que já está a ser olhada com olhos de ver e já está a ser legislada, exatamente para permitir que em conjunto com programadores e outras ferramentas possa servir como solução para muitas áreas e não como substituição, até porque ela precisa de ser trabalhada por alguém, e muito provavelmente será por programadores”, defendeu.
Na visão da vice-presidente do Porto TechHub, a ideia de comparar esta formação intensiva com uma licenciatura não se aplica. “Para ingressarem neste curso é preciso os alunos já terem uma licenciatura, e a base deste curso acaba por passar muito pelo raciocínio lógico, sendo que a nossa única intenção é dar resposta à necessidade do mercado”, explicou.
SwitchDev: Inscrições terminam em julho
O ano letivo é dividido em dois períodos, começando o primeiro em outubro e terminando o segundo em julho (já de 2025). No final do curso há uma seriação dos alunos, que tem em conta alguns critérios como as vagas disponibilizas pelas empresas e a média de cada aluno, para que ingressem num estágio remunerado com a duração de nove meses, em empresas com as quais o SwitchDev tem parcerias.
Cerca de mês e meio depois de se iniciarem as aulas, é atribuído aos alunos um projeto de desenvolvimento de um software para ser realizado em grupo. “Podemos dizer que é aprender ao mesmo tempo que vão fazendo, para além das aulas é preciso muita dedicação por parte dos alunos também. A base do curso é desenvolvimento de software”, afirmou Joana Linhas.
Este curso de reconversão profissional é lecionado das 8h30 às 17h, e por isso mesmo a vice-presidente da Porto TechHub, explica que várias pessoas que ingressaram no curso “abdicaram do emprego” que tinham e que este curso “exige um esforço de sete dias por semana”, numa alusão à necessidade de os estudantes complementarem o que lhes é ensinado na formação com o treino e estudo por conta própria.
As inscrições para a oitava edição do SwitchDev abriram no dia 7 de maio e terminam no dia 2 de julho. O processo de recrutamento será feito entre os meses de julho e agosto. Os requisitos para a candidatura são ter uma licenciatura (em qualquer área), assim como ter um bom nível de conhecimento da língua inglesa. É possível encontrar mais informação e a ficha de inscrição, no site do SwitchDev.
* Texto: Tiago Jorge Pereira, editado por Rui da Rocha Ferreira