Portugal e Holanda estão em negociações para a criação de um consórcio que teria como objetivo a instalação de uma unidade de produção de hidrogénio, por via da energia solar, em Sines. O ponto de partida será a instalação de uma central solar de 1 Gigawatt, que seria a base para um complexo de eletrólise de água, um processo através do qual é possível decompor água em oxigénio e hidrogénio através da passagem de corrente elétrica.
A produção de hidrogénio é feita, por norma, através de combustíveis fósseis devido ao menor custo do processo de transformação. Mas Portugal acaba por ter um trunfo importante: a exposição solar.
“Um parque fotovoltaico com 1 Gigawatt em versão autoconsumo, que baixa ainda os custos de produção de electricidade porque tem isenções de tarifas de acesso à rede. O estado tem terrenos públicos em Sines que só podem ser utilizados em projetos industriais, o que pode ser um fator importante para baixar os custos de produção do hidrogénio e depois atrair grandes empresas nacionais para este projecto, empresas da área do gás e da logística e transportes”, disse João Galamba, secretário de Estado da Energia, num debate na rádio TSF.
“O leilão fotovoltaico realizado em julho é o principal cartão de visita de Portugal como país produtor de hidrogénio”, acrescentou o responsável político pela pasta da energia. No leilão de julho, Portugal vendeu o Megawatt-hora (MWh) de energia solar a 14,8 euros, um valor que ajuda a tornar competitivos os custos de produção de hidrogénio com base em fontes de energia renovável.
«A literatura internacional aponta que o hidrogénio pode ser economicamente viável abaixo de 20 a 25 dólares [entre 18 a 23 euros] por megawatt hora», disse ainda João Galamba.
O projeto da central de produção de hidrogénio em Sines poderá custar 600 milhões de euros, mas a aposta neste projeto em conjunto com a Holanda permitiria ter acesso a fundos dos Projetos Comuns Importantes de Interesse Europeu.
O hidrogénio é visto como uma alternativa aos combustíveis fósseis e segundo valores adiantados pela TSF, a central de Sines seria capaz de produzir, por ano, 160 milhões de quilogramas de hidrogénio, o que daria para uma frota de autocarros e camiões, com consumo de 20 kg de hidrogénio a cada 100 quilómetros, fazer 800 milhões de quilómetros.