Voltámos a ensaiar o Tesla Model 3, versão Performance. E é fácil perceber porquê. Ao contrário das outras marcas, a Tesla tem habituado os seus utilizadores a atualizações regulares que permitem melhorar o desempenho e funcionalidades disponíveis a bordo. O mesmo tem acontecido com a rede de supercarregadores (Superchargers), que evoluiu na potência de carregamento. Ou seja, o Model 3 hoje já é significativamente melhor que o Model 3 que testámos há um ano apesar de o hardware ser o mesmo.
Teste original ao Tesla Model 3 Performance
V10
Como acontece com os sistemas operativos dos PCs ou dos smartphones, há atualizações e… há atualizações. Algumas trazem apenas pequenas melhorias, muitas vezes corretivas. Outras trazem acréscimo de funcionalidade e até de desempenho. A V10 (versão 10 do software) representa um dos maiores “saltos” evolutivos nos Tesla. Neste aspeto, é importante referir que a Tesla não só foi pioneira nas atualizações remotas, que acontecem de modo muito semelhante às atualizações que são feitas aos nossos smartphones, como também é, de longe, a marca que mais alterações consegue fazer através de software. O que acontece porque desde o início que a Tesla desenvolveu os carros de modo a ter o máximo de componentes geridos por software passíveis de atualização remota. Praticamente tudo num Tesla é controlado por software.
Há várias novidades diferenciadoras na V10 e posteriores correções, incluindo acesso a jogos no ecrã central do carro com suporte para joypads. Mas, para o condutor, o que mais importa são as melhorias no sistema AutoPilot. Notámos melhorias evidentes em várias estradas onde já tínhamos usado esta tecnologia quando testámos pela primeira vez o Model 3. Por exemplo, as curvas mais apertadas são feitas de modo mais próximo da condução humana, com a procura da parte mais interior da curva para diminuir o raio do arco. Também verificámos uma melhor capacidade para lidar com estradas sem linhas ou com linhas muito apagadas, situação em que os Tesla são os únicos carros a conseguir gerir bem em modo de condução semiautónoma.
Carregamento (ainda) mais rápido
Não menos importantes são as atualizações que têm sido feitas na rede Supercharger que, recorde-se, já conta com sete estações em Portugal, cada uma delas com 8 a 14 vários carregadores (70 no total), já atualizados para a potência máxima de 150 kW. Estações espalhadas pelo país (desde Vila Real, junto a fronteira norte com Espanha, a Alcantarrilha, no Algarve), que garantem viagens rápidas em território nacional e por toda a Europa ocidental. Também é importante referir que, por enquanto, a utilização desta rede em Portugal é gratuita e que, segundo a Tesla, está para breve a instalação de mais cinco estações, incluindo nas cidades de Lisboa e Porto.
Mas o que mais importa nesta atualização de potência, que anteriormente era de 120 kW, é que o Model 3 pode carregar mais rapidamente. Aliás, este modelo, nas versões de maior capacidade de bateria (Long Range e Performance), é o Tesla que maiores velocidades de carregamento suporta graças a ter baterias de última geração capazes de ser carregadas a potências mais elevadas e a consumir menos que os Model S e X. Entre, aproximadamente, os 5% e os 50% do nível de carga da bateria, os Model 3 Long Range estão preparados para carregar a uma potência até 150 kW, o que representa uma recuperação de autonomia ao ritmo de cerca de 1000 km/h ou 200 km em 15 minutos. Nos nossos testes, não chegámos aos 150 kW. Registámos “apenas” 130 kW, ainda assim bem mais do dobro da potência disponível nos Postos de Carregamento Rápido da rede Mobi.e.
É provável que não se tenha registado uma potência maior porque na altura do carregamento estavam vários outros Tesla a usar a mesma estação e porque começámos a carregar a bateria no início de uma viagem, sem o pré-aquecimento que o carro faz automaticamente para criar as melhores condições para o carregamento. De qualquer modo, ao ritmo medido, facilmente se conclui que o Model 3 permite fazer viagens longas em Portugal a um ritmo semelhante ao de um carro a combustão. E há mais, já que a Tesla já anunciou carregadores que, com o Model 3, pode chegar aos 250 kW de potência, mais de 1500 km/h ou 250 km em apenas 10 minutos de carregamento.
Atualização da análise em vídeo do Tesla Model 3 Performance
Ainda melhor
Não vamos repetir todos os pormenores das análises anteriores que fizemos ao Model 3, incluindo o teste exclusivo em pista. Mas podemos fazer um resumo. Este é um carro que vai marcar a história automóvel porque junta uma série de características nunca antes vistas num carro: desempenho de um desportivo (a aceleração dos 0 aos 100 km/h no Model 3 Performance demora pouco mais de 3 segundos); dinâmica convincente (já mostrou ser mais rápido que carros bem mais caros em pista); custos de utilização muito baixos; conforto e segurança comprovada por testes independentes; e tecnologia ímpar, a começar pelo melhor sistema de apoio à condução do mercado.
Mesmo o preço, que começa um pouco abaixo dos 50 mil euros para a versão com “apenas” 400 km de autonomia e aceleração dos 0 aos 100 km/h em 5,6 segundos, é baixo se compararmos estes carros com veículos tradicionais com prestações e características semelhantes. Mais ainda se fizermos a comparação entre a versão Performance (€66000) e “familiares” desportivos mais próximos, muitas vezes vendidos por valores próximos dos 100 mil euros.