O projeto foi anunciado pela Nissan e pelo Teatro Camões durante o Fórum da Mobilidade Inteligente promovido pela marca japonesa, que decorre hoje em Lisboa. Esta implementação pode ser vista como uma versão reduzida do megaprojeto que a Nissan realizou no Estádio de futebol de Amesterdão onde jogo o Ajax. Nesse estádio, foram instalados painéis solares na cobertura e um grande sistema de armazenamento de energia usando baterias retiradas de veículos elétricos Nissan LEAF que saíram do mercado. Um sistema que permite ao Estádio funcionar de modo quase autónomo da rede elétrica, como até fornecer energia à rede e, como tal, à vizinhança em momentos de maiores necessidades energéticas e quando o estádio não está a precisar dessa energia. Um modelo que permitiu criar uma economia circular de energia na região.
À exceção da escala, o projeto agora anunciado para o Teatro de Camões é semelhante. Também nesta casa de espetáculos situada no Parque das Nações, em Lisboa, vai ser instalado um sistema de produção, armazenamento e gestão de energia. A produção ficará encarregue a um conjunto de painéis solares, enquanto que para armazenamento vão ser usadas baterias de «segunda vida». Ou seja, baterias que foram retiradas de carros elétricos, mas que ainda têm capacidade e características para funcionarem em instalações estáticas. Deste modo, enquanto há luz solar será produzida energia elétrica que será armazenada nas baterias para quando for necessária.
De acordo com declarações de Antonio Melica, Diretor-geral da Nissan em Portugal, o projeto prevê ainda a instalação de carregadores bidirecionais para serem usadas com carros elétricos da Nissan, o LEAF e a carrinha e-NV200. Estes carregadores permitem não só alimentar as baterias dos automóveis ao serviço do Teatro Camões como, se necessário, irem buscar energia a essas mesmas baterias para alimentar o Teatro em situações de pico.
A instalação contará com a parceira do OPART, organismo responsável pela gestão da Companhia Nacional de Bailado no Teatro Camões, a ESTAMO, proprietária do edifício, o LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia e a ADENE – Agência para a Energia. De acordo a Nissan, «todas as partes envolvidas vão disponibilizar o apoio técnico, metodológico, científico e institucional necessário às diferentes vertentes do projeto».
Em declarações à Exame Informática, Brice Fabry, Diretor de Estratégias e Ecosistema de Zero Emissões da Nissan, deu o exemplo da utilização de segunda vida das baterias para garantir que «todas as nossas baterias são reutilizadas e recicladas e nunca acabam no lixo», adicionando que «atualmente até gostaríamos de ter mais baterias usadas para podermos aumentar a nossa oferta de soluções de segunda vida». Brice Fabry respondeu também às nossas perguntas sobre a polémica em redor do Diesel, entrevista que contamos publicar na próxima edição Semanal.