Demorou uma hora e treze minutos até que o público que encheu Capitólio, em Lisboa, ontem à noite, pusesse finalmente os olhos em Variações. O milagre da ressuscitação tinha sido prometido pela Samsung, que, num evento concebido para exibir as características de captação de imagem em baixa luminosidade do S22, anunciou a presença do cantor em holograma. Até à aparição, dançou-se, cantou-se, e transpirou-se ao som da banda do filme Variações, que foi entretendo o público com os maiores sucessos do cantor desaparecido em 1984.
Por uns segundos, foi possível esquecer que a imagem que surgiu no palco, com os maneirismos, a voz e o olhar do cantor, era nada mais do que o resultado de uma algoritmo de Inteligência Artificial, numa demonstração do que é a técnica de deepfake. E sentir a presença daquele que foi talvez o primeiro grande influencer português, como se tornava evidente na assistência, onde havia quem estivesse a usar barba, cabelo e vestimenta ao estilo, único, do artista.