Persistem hoje em dia indícios de que Marte terá tido um oceano outrora, mas as condições atmosféricas são demasiado agressivas no planeta ‘vermelho’ para tal existência. As linhas de costa antigas, os vales e os depósitos de rocha não deixam dúvidas de que tenha havido um oceano líquido, mas a temperatura que se sente aponta para a existência de gelo terrestre, o que não se enquadra. Um investigador da Universidade de Paris propõe uma teoria para explicar a existência do tal oceano líquido em Marte, com a temperatura elevada o suficiente para manter a água em circulação apenas.
O modelo usado por Frédéric Schmidt e pela sua equipa tem em conta a forma como oceanos e atmosfera interagem na Terra para avançar uma explicação para o ambiente que se sentia em Marte e justifica assim a existência de um oceano líquido e mesmo alguma chuva moderada na costa, com uma região congelada a sul do planeta. O investigador revela que “se pudéssemos viajar no tempo, para três mil milhões de anos atrás, poderíamos viver neste Marte antigo com apenas um fato espacial para o oxigénio. Pressão, nuvens, água líquida, oceanos, chuva, neve e glaciares: tudo é bastante semelhante ao que temos na Terra hoje. Só falta mesmo o oxigénio”, cita a New Scientist.
Apesar das conclusões animadoras, Sanjeev Gupta, do Imperial College de Londres, aconselha cautela: “os autores pegaram em observações de outros estudos e juntaram-lhes evidências para a existência de um oceano para justificar os resultados, mas a prova de um oceano não pode vir só da modelação. Precisamos de evidências geológicas mais fortes para afirmar a existência de um oceano”.